A cidade como centro de inovações

A cidade precisava se modernizar e avançar nos serviços ligados ao desenvolvimento da economia do café. As malhas ferroviárias se expandiram ao longo dos trilhos da Estrada de Ferro D. Pedro II (1858), povoando os subúrbios (freguesias rurais).

Os serviços públicos se ampliaram: do sistema de limpeza urbana ao abastecimento de água; do saneamento à oferta de facilidades de transporte, como os bondes puxados a burros. E a iluminação pública foi renovada com os lampiões a gás, a partir dos anos 1850.

Os bondes puxados a burro atravessaram o século e, nos anos 1920, ainda podiam ser vistos pelas ruas do Rio. Bonde de 1ª classe em Madureira – Augusto Malta, 1926 – Acervo Light

A paisagem urbana se modificou e, com ela, os modos de andar, vestir e morar na cidade. As elites estavam cada vez mais concentradas na orla sul, vivendo em chácaras na Freguesia da Glória (criada em 1834) e na Freguesia da Lagoa – que incluía parte do atual bairro de Botafogo e sua orla. Depois da saída dos ricos, os setores populares passaram a ocupar outras regiões do centro, mantendo a densidade populacional. Um dos principais motivos para essa permanência era a necessidade de se manter próximo às áreas de trabalho, tendo em vista que as classes pobres não tinham opções de mobilidade durante parte do século XIX. 

Praia de Botafogo, 1863. Autor Augusto Stahl.  Rio de Janeiro, RJ – Instituto Moreira Salles

Os grandes casarões se tornaram habitações coletivas e nos terrenos vazios foram construídas “vilas operárias”. A ideia de acabar com o adensamento no centro cai por terra e a eficácia da infraestrutura criada diminui. 

A região portuária, da Gamboa à Saúde, ao longo do século XIX, concentrou o comércio de cativos e foi habitada por grande parte da população negra urbana. Por isso, no período pós-abolição, ela atraiu muitos imigrantes baianos a procura de moradia barata e trabalho. Na Praça Onze – região da Cidade Nova localizada próxima ao morro do Pinto, do Livramento e da Providência – muitas famílias negras se estabeleceram e difundiram práticas culturais e econômicas em suas residências, como as casas de angu, os terreiros de Candomblé e espaços de sociabilidade onde faziam festas e música. A Casa da Tia Ciata atraia muitas pessoas para as práticas religiosas e as festas, configurando um importante espaço para a difusão da cultura negra, como o samba. 

Morro de São Diogo, 1907. Autoria de Augusto Malta. Gamboa, Rio de Janeiro, RJ – Instituto Moreira Salles.

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