G.R.A.N.E.S Quilombo
As escolas de samba são as grandes estrelas do nosso carnaval e, desde o fim da década de 1920, embalam o ritmo da folia e as emoções cariocas.
Em 1975, preocupado com os rumos do carnaval e das escolas de samba que estavam se tornando cada vez mais glamourosas e mercadológicas, o cantor e compositor Candeia (Antônio Candeia Filho), um dos mais importantes compositores da Portela, fundou o Grêmio Recreativo de Arte Negra e Escola de Samba Quilombo, o G.R.A.N.E.S Quilombo.
Para o mestre Candeia, era preciso preservar as tradições negras que formaram as bases das escolas de samba, sem ceder às interferências e aos desmandos de pessoas vindas de fora (figurinistas, coreógrafos, artistas plásticos, entre outros que estavam “profissionalizando” o Carnaval), mantendo a conexão com a comunidade e a sabedoria popular. A escola era aberta a todas as pessoas que respeitassem as tradições, mas, como dizia a carta manifesto de fundação da escola: “…Aqui, todos podem colaborar. Ninguém pode imperar”.
Reunindo importantes sambistas como Paulinho da Viola, Nei Lopes e Wilson Moreira em sua casa, na Taquara, Candeia deu o pontapé inicial ao Grêmio Recreativo. Era uma escola de samba e da arte negra, um quilombo de resistência e preservação da tradição, mas também uma escola de formação cidadã sobre a história do povo afro-brasileiro.
Depois das reuniões na casa de Candeia, a primeira sede da escola foi em Rocha Miranda, em 1975. No ano seguinte, a sede foi transferida para o Esporte Clube Vega, em Coelho Neto. Desfilando pelas ruas do subúrbio, a escola chegou a encerrar os desfiles das campeãs de 1978, com o memorável enredo “Ao Povo em Forma de Arte”, de Nei Lopes e Wilson Moreira. Com a morte de Candeia, no fim de 1978, o Clube Vega encerrou o contrato, e a escola ficou sem sede. Após o desfile de 1979, a escola passou por um período de dificuldades e, sem desfilar, voltou a ter uma sede somente na década de 1980.
Hoje o G.R.A.N.E.S Quilombo tem como presidente Selma Candeia, filha do mestre Candeia. A sede – na rua Ouseley 810, Acari – é espaço para atividades culturais e rodas de samba, mas a escola já não realiza desfiles pelos bairros.