Gomes Freire e as transformações da cidade no século das luzes
Quando assumiu o governo da capitania do Rio de Janeiro em 1733, Gomes Freire de Andrade – o conde de Bobadela – priorizou as obras de infraestrutura e embelezamento urbanos, colocando em segundo plano as preocupações com a defesa da cidade. Para isso, contou com o trabalho do engenheiro militar José Fernandes Pinto Alpoim, português que conduziu grande parte das obras de modernização da cidade.
Foi principalmente sob o governo de Gomes Freire – que durou quase trinta anos – que se deu grande parte da urbanização do Campo da Cidade e que muitas igrejas e irmandades foram erigidas. Sua conduta religiosa criou as condições para a construção dos conventos da Ajuda e de Santa Teresa – de quem era devoto e onde foi sepultado após sua morte, em 1763 –, em 1750.
No campo cultural, como um apreciador da literatura, incentivou a fundação de coletivos de escritores, como a Academia dos Felizes (1736) e a Academia dos Seletos (1752). Criou a primeira tipografia da colônia (1747), dirigida pelo tipógrafo português Antônio Isidoro da Fonseca, e foi responsável pela reforma do Palácio dos Governadores (1743), no Largo do Carmo.
Na infraestrutura, os destaques foram as obras para solucionar os problemas de abastecimento de água, como a finalização da reconstrução do Aqueduto da Carioca, em 1750, e a construção dos chafarizes do Campo de Santo Antônio e do Largo do Carmo – anterior ao do Mestre Valentim.
Todas as intervenções urbanas no período de Gomes Freire abriram caminho para a recepção mais intensa das ideias de modernização iluministas, que se consolidaram na década de 1750.