Madureira: as memórias por trás das mudanças

Autores: Menara de Souza Genésio e Maria Clara de Oliveira Ribeiro

MADUREIRA

No dia  24 de maio de 2021, Madureira, este lugar que inspira canções, fez 408 anos! É um bairro que se destaca pela amplitude de suas linhas de ônibus e ramais de trem que levam a diversos lugares do Rio de Janeiro, sua enorme variedade de estabelecimentos comerciais e também por sua população composta por pessoas de diversas etnias.

(Fonte: Wikipedia)

A TRANSCARIOCA E SUAS CONSEQUÊNCIAS 

Em 2014 o bairro sofreu uma mudança que alterou de vez o seu aspecto: a chegada do BRT Transcarioca, um meio de transporte que liga vários pontos da cidade facilitando bastante a ida e vinda das pessoas. Com  certeza você conhece esse sistema de transporte, afinal quem nunca pegou um BRT lotado em horário de pico? O que poucos sabem é que as obras feitas com a intenção de ampliar o transporte público tomaram os lugares de casas, vilas e praças, desabrigando centenas de famílias da pior maneira possível.

No dia 25 de maio de 2011 foi postado na internet um vídeo (Jornal A Nova Democracia) que contava que os moradores da Rua Domingos Lopes estavam resistindo à remoção proposta pela prefeitura. Uma delas, Inês Ferreira, contou que sua família foi ameaçada dentro de casa e que não houve qualquer garantia de fornecimento de uma futura moradia. Já Maria da Penha, que veio para Madureira em 1999 relatou que teve sua casa tomada à força pela polícia, deixando a impressão que ela era a invasora do seu próprio lar. Conta que jamais recebeu qualquer indenização, que a desapropriação implicou na mudança de sua rotina de trabalho e que se sente humilhada a cada dia por isso.

Foto acervo família. Entrada da antiga casa número 35 da Rua Quaxima tirada em 1999, Madureira.

Marta, outra ex-moradora, teve sua mãe internada durante aquela época e o despejo só agravou sua saúde, fazendo com que, infelizmente, ela viesse a falecer um ano depois. Disse que, por conta dessa mudança repentina, foi obrigada a morar na casa de  amigos e sua filha, Menara, passou a estudar em colégios com horário integral porque não havia com quem ficar. Outras consequências foram as alterações do horário de trabalho e das condições financeiras  da família. “Foi um momento muito difícil, ele mexeu com a nossa vida inteira e nós  ficamos um ano morando na casa dos outros de aluguel, o que era bastante complicado. Só me resta lembranças tristes desta tal melhoria…” declara Marta.

Milhares de famílias de Madureira foram desalojadas por causa do BRT e, atualmente, metade das estações estão em situação precária; além disso, existe uma estação em frente ao Instituto de Educação do Carmela Dutra (estação Otaviano) que está abandonada. O Campinho perdeu imóveis culturais importantes para a história do Brasil e a Rua Domingos Lopes recebeu, no lugar da merecida indenização, um muro e vilas esburacadas que não possuem nem uma rede elétrica confiável. Diante deste cenário, é preciso lembrar que os moradores foram ludibriados com propostas e falas enganosas.

Imóveis da Rua Domingo Lopes ligada ao Largo do Campinho no dia  21/03/2011, Madureira. Fonte: https://mapio.net/pic/p-56615161/Inte

CONCLUSÃO

Esta história procura relatar o quão impactante foram as obras feitas em Madureira para a construção do BRT Transcarioca e o quanto elas mudaram a vida das pessoas que viviam nas ruas desapropriadas. Lembre-se que a cada vez que você visita uma rua com imóveis abandonados ou com um cenário que não era o mesmo de antes, tem um motivo por trás disso. Madureira está sempre se adaptando a novas mudanças e deixando para trás as histórias das pessoas que residiam por aquelas ruas, mas essas histórias fazem Madureira do jeito que é hoje!

Remoções para a obra da Transcarioca, na favela do  Campinho, em Madureira. Fonte: Eduardo Sá/Fazendo Media

Fontes:

https://www.youtube.com/watch?v=b6VpG2Qx97s

http://lostmemoriesplace.blogspot.com/2011/03/os-transtornos-passam-as melhorias.html

 

Professora: Josélia Castro

Turma: 2006

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