Gomes Freire e as transformações da cidade no século das luzes

Quando assumiu o governo da capitania do Rio de Janeiro em 1733, Gomes Freire de Andrade – o conde de Bobadela – priorizou as obras de infraestrutura e embelezamento urbanos, colocando em segundo plano as preocupações com a defesa da cidade. Para isso, contou com o trabalho do engenheiro militar José Fernandes Pinto Alpoim, português que conduziu grande parte das obras de modernização da cidade.

Convento da Ajuda. Pieter Godfried Bertichen, c. 1856. Coleção Brasiliana Itaú

Foi principalmente sob o governo de Gomes Freire – que durou quase trinta anos – que se deu grande parte da urbanização do Campo da Cidade e que muitas igrejas e irmandades foram erigidas. Sua conduta religiosa criou as condições para a construção dos conventos da Ajuda e de Santa Teresa – de quem era devoto e onde foi sepultado após sua morte, em 1763 –, em 1750. 

Convento de Santa Teresa – Pieter Godfried Bertichen, 1856. Acervo Biblioteca Nacional

No campo cultural, como um apreciador da literatura, incentivou a fundação de coletivos de escritores, como a Academia dos Felizes (1736) e a Academia dos Seletos (1752). Criou a primeira tipografia da colônia (1747), dirigida pelo tipógrafo português Antônio Isidoro da Fonseca, e foi responsável pela reforma do Palácio dos Governadores (1743), no Largo do Carmo.

Na infraestrutura, os destaques foram as obras para solucionar os problemas de abastecimento de água, como a finalização da reconstrução do Aqueduto da Carioca, em 1750, e a construção dos chafarizes do Campo de Santo Antônio e do Largo do Carmo – anterior ao do Mestre Valentim. 

Aqueduto e Convento de Santa Teresa – Carlos Linde, 1860. Coleção Brasiliana Itaú

Todas as intervenções urbanas no período de Gomes Freire abriram caminho para a recepção mais intensa das ideias de modernização iluministas, que se consolidaram na década de 1750.

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