Fábrica de Tecidos Corcovado

Localizada no Jardim Botânico, zona sul da cidade do Rio de Janeiro, a Fábrica de Tecidos Corcovado foi fundada por José da Cruz em 1889, como parte da Companhia de Fiação e Tecidos Corcovado. Instalada na rua Jardim Botânico, ocupava o antigo terreno da Chácara de João Calhau – entre a Lagoa Rodrigo de Freitas e o Parque Lage – e sua atividade principal era a tecelagem de fios de algodão.

Lagoa Rodrigo de Freitas e, ao fundo, a Fábrica Corcovado – Marc Ferrez – Acervo: Instituto Moreira Salles

A fábrica chegou a ter cerca de mil funcionários entre homens, mulheres e crianças, e tinha em seu quadro de operários, além de brasileiros – negros e brancos -, imigrantes europeus de origens diversas. Após a inauguração das fábricas (a Fábrica Carioca também se instalou no Jardim Botânico, em 1884), essa região da Zona Sul passou a atrair muitos trabalhadores, devido à crescente procura por mão de obra industrial. 

A fim de atender às demandas por moradias dos operários, foram construídas as vilas operárias, mas, a fábrica Corcovado, para manter o contingente de trabalhadores em ordem e  fazê-los permanecer na região, lançou mão de estratégias que iam além da moradia: investia na mobilidade, na comodidade e na assistência aos funcionários. 

A fábrica inaugurou, em 1903, uma creche para atender aos filhos de operárias durante suas jornadas de trabalho. Com oferta de atendimento médico e aleitamento, as crianças ainda podiam ser visitadas 2 vezes ao dia. Dessa forma, a diretoria da companhia conseguiu garantir a frequência regular de grande parte do operariado. O proprietário da fábrica Corcovado, José Cruz, foi o precursor das creches patronais nas fábricas cariocas.

A localização da fábrica era estratégica: próxima ao centro da cidade e com linhas de bonde desde 1871, a região ainda contava com diversos rios nas imediações, o que era fundamental para a produção fabril. 

Em 1898 foi edificada a Capela de São José, instalada em local próximo à atual Paróquia São José – também conhecida como “Igreja de Vidro” – na Lagoa Rodrigo de Freitas. A capela ficava defronte à Fábrica de Tecidos Corcovado. Como parte da estrutura que mantinha o interesse dos operários, a Companhia de Fiação e Tecidos Corcovado possuía em seus domínios uma instituição de ensino – a Escola Sotto Maior, com turmas divididas por sexo.

Alunas da escola Sotto Maior, da Fábrica Corcovado. Fotógrafo: J. Dias Corrêa – Revista Fon-fon, 1915. Hemeroteca Digital

Todas essas instituições fomentadas pela fábrica, visavam o controle sobre os operários. A disciplina era a pedra de toque da produção, os horários de entrada e saída rigidamente controlados, a atenção com os conflitos e desordens fora da fábrica também. Os operários precisavam seguir essas normas sob o risco de perderem o emprego e, com ele, o acesso à moradia. 

Porém, a precariedade dos locais de trabalho com espaços sem janelas,  cargas horárias excessivas e os salários baixos alimentavam o descontentamento dos operários, que tinham nas greves, uma ferramenta de luta por melhores condições de trabalho. O local chegou a sofrer um incêndio, em 1928, deixando 10 funcionários feridos.

Jornal do Brasil, ed. 148, de 20 de junho de 1928 – Hemeroteca Digital

Nos anos 1940, a fábrica Corcovado abriu falência, após enfrentar a grande crise que atingiu as fábricas têxteis após a Segunda Guerra Mundial. O terreno da companhia foi desmembrado e loteado para a construção de casas. Com a especulação imobiliária, a região deixou de ser proletária e passou a receber as camadas mais ricas da sociedade carioca.

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