Companhia América Fabril

Da pequena Fábrica-fazenda Pau Grande, produtora de tecidos de algodão bruto em 1878, a uma das dez maiores companhias têxteis em 1903 e, depois, a indiscutível líder no ramo têxtil em 1911, a Companhia América Fabril foi uma das mais importantes do Brasil.

A fábrica que deu origem ao conglomerado foi criada no atual bairro de Pau Grande, em Magé, por três empresários que aproveitaram um cenário favorável: a volta dos EUA para o mercado algodoeiro e o consequente barateamento dos custos do algodão, o que auxiliou no desenvolvimento da indústria têxtil brasileira.

A partir de 1891, a fábrica passa a se chamar Companhia América Fabril (CAF) e um evento importante marca seu crescimento no mercado têxtil: a aquisição da fábrica Cruzeiro, no Andaraí, inaugurando seu ingresso na área urbana da cidade do Rio de Janeiro. Esta expansão ocorreu no contexto da política econômica voltada para a modernização industrial empreendida por Rui Barbosa, o que criou um clima próspero para investimentos no setor e, assim, a CAF continuou expandindo, adquirindo novas fábricas, até se tornar líder no mercado de tecidos.

Vista geral da Fábrica Cruzeiro com suas vilas operarias e terrenos adjacentes. Andaraí 1911. Retirada do livro “O Fio da Meada: estratégia da expansão de uma indústria têxtil (1878-1930)”, de Elisabeth Weid e Ana Marta Rodrigues

Em 1903, a compra da fábrica Bonfim, em São Cristóvão, marcou o início da liderança. Em 1911, já ocupando o posto de uma das dez maiores companhias têxteis, a CAF inaugurou a mais moderna fábrica de tecidos do Brasil à época, a Fábrica Mavillis, construída nos terrenos vizinhos à fábrica Bonfim. Na década de 1920, a aquisição da Fábrica Carioca, no Jardim Botânico, selou de uma vez por todas sua posição de líder no mercado têxtil brasileiro. Entretanto, em 1923, uma cisão entre os investidores fez surgir a Companhia Nova América de Tecidos, em Del Castilho.

Companhia Nova América de Tecidos. Créditos da imagem: Acervo JB

As mudanças econômicas do país e a cisão na CAF dificultaram o processo de modernização da companhia. Com a chegada dos anos 1950 e o surgimento de forte concorrência paulista também tiveram grande impacto no desenvolvimento da América Fabril e, nos anos 1960, o processo de falência foi iniciado.

Seguindo os costumes do período, era comum encontrar muitas crianças trabalhando nas fábricas da CAF. Dados que apontam a quantidade de menores de idade exercendo funções na companhia anotam um número de 4769. Com relação às mulheres, elas costumavam ser colocadas em setores onde os trabalhos eram menos pesados e considerados menos importantes, – o que nos dá mostras da desigualdade de gênero tão presente no mundo fabril – embora fossem responsáveis por pelo menos um terço da produção. Além das jornadas exaustivas de trabalho, as mulheres eram vítimas, muitas vezes, de assédio moral e sexual.

Operários e operárias da seção de fiação da Fábrica Cruzeiro em 1910. Nota-se a grande presença de crianças. Retirada do livro “O Fio da Meada: estratégia da expansão de uma indústria têxtil (1878-1930)”, de Elisabeth Weid e Ana Marta Rodrigues


ASSOCIAÇÃO DE OPERÁRIOS DA AMÉRICA FABRIL (AOAF)

Fundada em 1917, a Associação de Operários da América Fabril (AOAF) era responsável por pagamentos de pensões a órfãos e viúvas, auxílios de diversas naturezas, além de organizar eventos esportivos, sociais e culturais para os operários, em que eles mesmos eram os atores, desportistas ou músicos. Era a associação, também, responsável por propagar a conduta moral na fábrica, de acordo com o que exigia a diretoria. A associação não era, necessariamente, voltada aos interesses dos trabalhadores: tinha a função de manter a ordem e a disciplina, promovendo eventos que criassem uma identificação direta entre a empresa e os seus funcionários.





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