Vila Mimosa

Numa rua chamada Ceará, num recanto da praça da Bandeira, os ares de vila bucólica se transformam com o cair da noite. É ali que funciona a Vila Mimosa, a zona de prostituição mais famosa da cidade. Nem todo mundo sabe, porém, que a Vila Mimosa do passado integrava outra paisagem: a região da Cidade Nova, a poucos quilômetros dali.

Conhecida como Zona do Mangue, a área ficava às margens da avenida Presidente Vargas, no local onde funcionam hoje o Teleporto e os dois centros administrativos da Prefeitura do Rio — que, não à toa, são chamados pelos cariocas, marotamente, de Piranhão e Cafetão. Sua origem tem várias versões. Há quem atribua o surgimento dessa precursora da Vila Mimosa à chegada de mulheres do leste europeu que desembarcavam no Brasil fugindo da guerra. E há quem remeta o começo do Mangue carioca aos tempos coloniais.

Foto: Fernando Bueno – Avenida Presidente Vargas – Agência Tyba

Os portugueses teriam importado francesas e polacas para o reduto no bairro do Estácio, na busca por satisfazer aos desejos da Corte. Outra versão dá conta de que, em meados do século XIX, senhores faziam o papel de cafetões e obrigavam as mulheres negras escravizadas a se prostituírem, em pequenos hotéis e casas de cômodo, para complementar a renda.

Foto: Rogério Reis – Mangue – Agência Tyba

Seja como for, a presença das trabalhadoras do sexo no bairro do Estácio mudou muito com o correr das décadas, tanto geográfica quanto culturalmente. As polacas se misturaram às brasileiras e enfrentaram perseguições e a repressão do Estado. E se deslocaram inúmeras vezes pela área, até serem transferidas para a praça da Bandeira, em meados da década de 1990, para ceder espaço aos novos prédios da Cidade Nova. O estilo de vida na Zona do Mangue, porém, continua vivo em narrativas como a do escritor Antonio Fraga (1916-1993), frequentador assíduo.

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