Praias e costões da Baia de Sepetiba

As praias e costões da Baía de Sepetiba, dentro do limite do município do Rio de Janeiro, formam uma paisagem litorânea de grande complexidade geográfica e ambiental, marcada pela pouca presença do embasamento cristalino do Maciço da Pedra Branca e a plena expressão das planícies fluviomarinhas da zona oeste. Essa borda costeira se estende desde a ponta de Barra de Guaratiba até o limite com o município de Itaguaí, ao fundo da Baia de Sepetiba, abrangendo uma faixa costeira que inclui poucas praias arenosas e uma exuberância de manguezais, interrompidos por raros costões rochosos intercalando feições de baixa energia marinha.

No trecho sul, a praia de Barra de Guaratiba, situada no contato com o Oceano, encontra-se na transição para a baía e apresenta costões graníticos proeminentes, que se projetam sobre o mar e dão forma a enseadas e promontórios. A partir daí, protegida pela ilha barreira da Restinga da Marambaia, uma extensa costa de franja de manguezais domina o litoral, alternada com a foz dos rios que descem da Serra de Guaratiba e Maciço da Pedra Branca, a planície banhada diretamente pelas águas calmas da Baía de Sepetiba apresenta características típicas de uma praia de baixa energia, com grande variação da maré e ampla planície intertidal. Sua formação sedimentar repousa sobre áreas de manguezal e depósitos recentes, influenciados pela drenagem de rios Portinho, Piracão e Piraquê. Seus baixos cursos desenham meandros preservados com seus desenhos curvilíneos separando ilhas sedimentares recobertas de vegetação de mangue ou abertas em formatos de apicuns em planícies salinas.

Essa extensa franja de a planícies de maré é interrompida pelo promontório da Pedra de Guaratiba, que se constitui um costão rochoso de afloramentos graníticos e matacões arredondados, que emergem das áreas planas, formando locais de terra firma que apoiaram a ocupação histórica na área, incluindo a colônia de pescadores que originou o bairro. O núcleo urbano que se desenvolveu ao redor da Pedra mantém uma relação histórica com o mar, sustentada por práticas tradicionais como a pesca artesanal e os cultivos de mariscos, que ainda resistem à crescente pressão imobiliária e às alterações ambientais. A região abriga também a Igreja de Nossa Senhora de Desterro, um dos templos mais antigos da cidade, erguido no século XVII, compondo uma paisagem cultural que mescla patrimônio histórico, religiosidade e geografia litorânea.

Praia da Pedra em Pedra de Guaratiba, secular colônia de pescadores da Baía de Sepetiba.

Um arco de praia de areia fina e baixa energia, se estende de Pedra de Guaratiba ao bairro de Sepetiba, formando a turística Praia da Brisa, típica praia de fundo de baía sob forte influência de maré. Da mesma forma os afloramentos rochosos cristalinos como extensões das serras isoladas da Zona Oeste, apoiaram o processo de ocupação de Sepetiba. Destaque para duas pontas de pedra que separam os arcos praiais locais: a Ponta Ipiranga e a Ponto do Piaí, separando ainda a praia do Recôncavo e a Praia de Sepetiba até a Ilha da Pescaria.

Praia da Brisa com a Ponta Ipiranga e as duas pequenas ilhas em sequência: ilha do Tatu e Ilha da Pescaria, ambas com afloramentos rochosos.

Daí para o final do município até a foz do Rio Guandu, novamente o litoral é dominado pelas planícies de maré que desenham todo o limite da Base Aérea de Santa Cruz, onde as fozes dos canais paralelos da baixada de Santa Cruz delimitam o fim do território carioca.

Essas praias, de areia fina e águas rasas, estão fortemente influenciadas pelo aporte de sedimentos fluviais vindos das bacias do rio Guandu e demais canais da baixada. Nessa faixa, predominam ambientes de manguezal, com vegetação halófita e bancos de lama que emergem na maré baixa, além de canais navegáveis usados por pequenas embarcações de pesca artesanal. A região de Sepetiba, em especial, combina elementos de balneário popular com intensa pressão urbana e portuária, sendo marcada pela degradação das águas, aterros e construções sobre áreas antes úmidas.

Aspecto sedimentar fino da Praia da Pedra, típica de fundo de Baía, onde predomina a ação das marés e não de ondas. O sedimento fino se deposita em largas planícies. Ao fundo as praias recobertas por vegetação de restinga, na Restinga da Marambaia.

Apesar do avanço da urbanização e da poluição, a Baía de Sepetiba ainda guarda reflexos da sua riqueza original, com áreas de reprodução de espécies marinhas e aves migratórias, o que ressalta sua importância ecológica e sua vulnerabilidade frente ao modelo de desenvolvimento costeiro vigente.

Ainda fazendo parte do município, um pequeno trecho da Restinga da Marambaia impõe-se como um divisor natural entre a Baía de Sepetiba e o mar aberto. Com cerca de 42 km de extensão, é uma formação sedimentar jovem, composta por cordões arenosos paralelos ao mar, intercalados por campos de dunas, lagunas e vegetação de restinga. Embora parte de seu território pertença ao município do Rio de Janeiro, a Marambaia é controlada pelas Forças Armadas, o que limitou sua ocupação e contribuiu para a preservação de seus ecossistemas, tornando-se um dos últimos grandes refúgios naturais da costa carioca.

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