Teatro Carlos Gomes
O Teatro Carlos Gomes é um dos mais tradicionais espaços culturais da cidade do Rio de Janeiro. Situa-se no centro da cidade, na Praça Tiradentes — antiga Praça da Constituição —, local onde, desde o fim do século XIX, se instalaram diversos estabelecimentos culturais e de entretenimento.
Teatro Carlos Gomes em noite de espetáculo
Na segunda metade do século 19, o Rio de Janeiro experimentava um período de efervescência cultural, impulsionado pelo crescimento populacional urbano, evidenciado principalmente na zona central da cidade. Neste contexto, o entretenimento despontava como uma indústria promissora e lucrativa.
Fachada do teatro em 1928
O espaço foi inaugurado em 1872 com o nome Theatro Casino Franco-Brésilien, onde à época eram apresentados, principalmente, números de café-concerto para entreter os frequentadores do vizinho Hotel Richelieu. Depois de quase uma década de funcionamento, foi vendido e, em 29 de outubro de 1880, reinaugurado como Theatro Sant´Anna. Já naquela época, era um dos mais importantes espaços culturais da cidade — sendo frequentado, inclusive, pela família Imperial Brasileira.
Programa da noite de 15 de julho de 1889. Gazeta de Notícias / Hemeroteca Digital Brasileira – FBN
Um fato histórico ocorrido em 15 de Julho de 1889 teve o Theatro Sant´Anna como cenário. Em meio às tensões geradas pelo embate entre Monarquistas e Republicanos, D. Pedro II sofreu um atentado ao deixar um espetáculo. Naquela noite, o Imperador compareceu à encenação da comédia Escola de Maridos, do dramaturgo francês Molière, acompanhado de sua esposa, D. Teresa Cristina, da Princesa Isabel e do Príncipe Pedro Augusto, seu neto. Na saída do teatro, houve uma manifestação de alguns populares contra o monarca. Em seguida, sua carruagem foi alvo de um disparo de revólver —que não chegou a atingir o veículo.
Capa da Revista Illustrada de 20 de julho de 1889 ilustrando o atentado. Hemeroteca Digital Brasileira – FBN
Após o falecimento de seu proprietário, o Theatro Sant’Anna foi vendido para o empresário Paschoal Segreto —personagem proeminente da indústria do entretenimento no país —que, em 1905, o rebatizou como Theatro Carlos Gomes, em homenagem ao renomado compositor brasileiro, autor de O Guarani. Sob a administração de Segreto, o teatro expandiu suas atividades, passando a contar com um bar que possuía as populares mesas e cadeiras da Brahma e um pequeno parque de diversões, o Tiro Federal.
Originalmente construído em estilo neoclássico, o edifício passou por diversas intervenções — internas e externas — ao longo dos anos. As mais significativas ocorreram por conta de incêndios que atingiram o teatro. O maior deles, em 1929, destruiu praticamente todo o prédio, que precisou ser inteiramente reconstruído, em estilo Art-déco. Dois outros incêndios ocorreram entre as décadas de 1950 e 1960 e causaram estragos menores, somente nas áreas internas.
Fachada do novo prédio, após a reforma. 1932
Na década de 1980, por pouco não foi demolido para a construção de um hotel. Nessa época foi pedido o tombamento do Teatro por sua importância histórico-cultural. O projeto foi sancionado em 1984. Em 1988, o Teatro foi comprado pela Prefeitura do Rio de Janeiro, sendo restaurado e entregue ao público em 1992.
Durante todo o século XX, o Teatro Carlos Gomes se consolidou como um dos principais espaços dedicado às artes na cidade, em grande parte por conta da diversidade de sua programação — do clássico ao popular.
Por ali, não apenas passaram grandes artistas brasileiros, como Vicente Celestino, Dulcina de Moraes, Celeste Aída, Dercy Gonçalves, Grande Otelo e Procópio Ferreira, mas foram encenadas montagens históricas, como “My Fair Lady”, “Hello Dolly” e “Gota D’Água”, as três estreladas por Bibi Ferreira; “A Raposa e as Uvas”, com Sérgio Cardoso, “A Mulher Sem Pecado”, de Nelson Rodrigues; e “Miss Banana”, com Regina Duarte.
Anúncio da pré-estreia de Minha Querida Lady, no Carlos Gomes. Diário de Notícias de 21 de Agosto de 1962. Hemeroteca Digital Brasileira – FBN.
Ao completar 150 anos, em 2022, o teatro foi fechado para reformas. Após mais de dois anos, em julho de 2024, foi reinaugurado e devolvido à população da cidade do Rio de Janeiro.