Quando eu vim de Minas
Quando eu vim de Minas,
Trouxe ouro em pó, quando eu vim
Quando eu vim de Minas,
Trouxe ouro em pó, ora veja você!
Trecho da canção “Quando eu vim de Minas”- Xangô da Mangueira
Não somente da Bahia chegaram migrantes pobres a situar-se nas margens do Rio Atlântico. Vindos de Minas Gerais e do Vale do Paraíba chegaram muitos, em sua maioria negros e negras, na primeira metade do século XX. E foram não apenas para as áreas centrais da cidade como para bairros na periferia do Rio, onde muitas vezes se assentaram nas encostas dos morros. Outros foram para o subúrbio, em direção a lugares em que poderiam seguir com uma vida quase rural, em casas com terreiro para plantar uma horta e ter mesmo uma pequena criação de animais.
O Morro da Serrinha, em Madureira, foi um destes locais, refúgio dos que foram expulsos do centro ou chegavam do interior e não encontravam lugar para se assentar na zona portuária e central da cidade. Em áreas periféricas um pouco menos ocupadas, conseguiam por vezes seguir com hábitos e modos de vida do campo, fazendo uma pequena rocinha, onde poderiam produzir gêneros para vender na cidade.
Os migrantes vindos do interior do Sudeste viam no Rio de Janeiro uma oportunidade de sair das relações de trabalho precaríssimas do mundo rural e encontrar na cidade um espaço de mais direitos e oportunidades. Algumas vezes migravam famílias já constituídas, com filhos, para que fossem criados aqui, no Rio, e tivessem, quem sabe, outras chances. Desta população que se agrega ao Rio Atlântico e vai estendendo a cidade para longe do oceano, fizeram parte personagens ilustres da cultura afro-carioca, como Clementina de Jesus, Tia Maria do Jongo, Martinho da Vila, Noca da Portela, entre outros e outras.
Muitos estavam entre os fundadores de escolas de samba cariocas, e trouxeram o jongo e o caxambu das serras e planícies interioranas para a cidade à beira-mar.