Os trilhos da Leopoldina
Em fins do século XIX, a malha urbana do Rio se estendia pela planície ao redor do Maciço da Tijuca. Áreas rurais e pequenos povoados foram incorporados àquilo que se entendia por cidade do Rio de Janeiro, que deixava de ser apenas a área entre Botafogo e São Cristóvão.
Benefícios como uma fonte de água corrente, o ar fresco, a proximidade do mar e de florestas se tornaram atrativos para quem desejava viver em casas, sítios, chácaras e projetos de vilas residenciais e cidades-jardins. Surgiram assim, os bairros do subúrbio carioca, habitados por uma classe média que se deslocava em bondes de suas casas até a estação de trem mais próxima e de lá, partiam para o trabalho no centro da cidade.
As estradas de ferro Central do Brasil, Rio do Ouro e Leopoldina foram fundamentais para moldar o Rio de Janeiro. A companhia Leopoldina Railway, com as estações de Bonsucesso, Olaria e Penha, ajudou a atrair moradores para esses locais, agora mais próximos do centro do Rio, graças, justamente, à implantação desses meios de transporte.
Assim, nas primeiras décadas do século XX, ocorreu uma intensa industrialização e urbanização das áreas próximas às estações da Estrada de Ferro da Leopoldina. Por meio desse processo de instalação de fábricas, abertura de vias e construção de edificações, a região adquiriu uma feição de subúrbio, no sentido estrito do termo: a área ao redor da urbs carioca, um espaço com as funções de servir à cidade com produtos, serviços, acessos e mão-de-obra.