No passo do DJ
A batida do funk ocupa o quintal da casa de Rodrigo Silva, em Pilares, na zona norte do Rio de Janeiro, durante a comemoração de seus 16 anos. Seus amigos se agitam numa mistura de funk, soul, dança de rua, frevo e capoeira, enquanto um deles grava a cena com uma câmera digital. No dia seguinte, o vídeo é postado no YouTube. O Passinho foda viraliza. Victor, Marquinhos, Rodrigo, Rodolfo, Bruno, Alan e o jeito de dançar que inventaram se tornam sensação nos bailes. O vídeo inspira outros jovens da cidade e do país, que também gravam e postam nas redes seus “passinhos”.

O Passinho, manifestação cultural nascida no subúrbio do Rio de Janeiro, logo tomou a cidade. Em 2011, foi organizada a primeira Batalha do Passinho — fora da Internet, é claro. Gambá, o “Rei do Passinho”, e Cebolinha se enfrentarem na quadra do Sesc Tijuca. Com o tempo, grupos se formaram ao redor da dança. Um dos que têm maior destaque nacional é o Dream Team do Passinho, responsável pelo clipe Todo mundo aperta o play, de 2015, que alcançou um milhão de visualizações em poucos dias. Em 2018, foi aprovado projeto de lei que tornou o Passinho Patrimônio Cultural Imaterial do Rio de Janeiro.

A história do Passinho, porém, também tem seus sons tristes. Em 2012, Gualter Damasceno Rocha, o Gambá, desapareceu na noite do Réveillon. Uma semana depois, sua família descobriu que ele havia sido assassinado e enterrado como indigente.