Mitologia Tupi
O imaginário místico tupi é repleto de lendas e personagens mágicos. Assim como diversos outros povos, os tupis tinham suas próprias mitologias sobre o dilúvio, que moldou a terra e a vida humana. Os indígenas acreditavam num “espírito antigo” — o velho criador do mundo, dos mares e das coisas. Existiam lideranças e fundadores, tais como Maíra, Sumé e Poxi – que ensinaram regras sociais e alimentares –, assim como ancestrais que explicavam as descendências, como Tupã, Irin-Magé, Tamandaré, Arikonta.
Além de entidades sobrenaturais ligadas à natureza — como Tupã — havia aquelas ligadas aos animais, caso da ave Matintaperera, da ave de rapina Guaricuja e da própria Onça. Os animais tinham seus próprios mitos explicativos e apareciam transformados em humanos, participando como personagens das histórias orais. A partir dessas mitologias, os tupis explicavam muitas questões de entendimento do mundo e dos costumes que praticavam. Suas crenças estavam ligadas a plantas e animais que, de acordo com o que acreditavam, tinham poderes sobrenaturais, e deles partiam uma série de regras de caça e alimentação.
Também pressentiam espíritos encantados nos animais e na natureza. Existiam aqueles que viviam na floresta, como o Curupira, e também os invocados pelos pajés para prever o futuro, que uivavam como o vento, chamados comumente de Uiucirá. Nas margens dos rios, acreditavam viver um tipo de entidade que se apresentava na forma humana mais bela, uma espécie de sereia(o), o Ipupiara, que afogava quem encontrasse. Além disso, especialmente à noite, eram aterrorizados pelo Anhangá, um espírito mau que perseguia os fracos e covardes para devorar suas almas — figura associada ao diabo pelos cristãos. À noite não se saía da maloca sem uma tocha para espantar tais entidades.