Estátua de João Cândido

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Produzida em bronze em tamanho natural, a estátua de João Cândido Felisberto foi erguida para homenagear o homem que ficou conhecido como o “Almirante Negro” por seus feitos durante a Revolta da Chibata (1910). 

Estátua de João Cândido revitalizada e realocada na Praça Marechal Âncora.

Inicialmente instalado no Museu do Catete, o monumento assinado pelo artista plástico Walter Brito foi alocado na Praça XV em 2008, após a aprovação do decreto de anistia a João Cândido e outros marinheiros que fizeram parte do movimento de 1910, proposto pela então senadora Marina Silva, no âmbito da Lei Ordinária 11.756/2008. Desde que a ideia da criação da estátua havia surgido, o local foi reivindicado para instalação do monumento, por ser em frente ao mar e próximo do complexo militar da Ilha das Cobras, onde João Cândido ficou preso após a deflagração da revolta.

João Cândido (à direita) lê o manifesto dos revoltosos. Wikimedia Commons

As obras de construção do VLT e a instalação de uma de suas estações – a Parada Praça XV – em 2017, acabou tirando a visibilidade do monumento, e apenas em novembro de 2022, depois de um cuidadoso restauro, ele foi novamente realocado e instalado na Praça Marechal Âncora, bem próxima à Praça XV.

A estátua que representa João Cândido agora fica de frente para o mar. À sua frente, na foto, o restaurante Ancoramar.

Décadas após a Revolta da Chibata, João Cândido ainda era pouco reconhecido por seu feito no combate às péssimas condições de trabalho e castigos físicos impostos aos marinheiros de baixa patente – em sua maioria, homens negros –, típicos da recém abolida escravidão. O fato de ser um homem negro, pobre e ter se voltado contra a autoridade do Estado, fez com que, durante muito tempo, tanto a Revolta da Chibata quanto a figura de João Cândido fossem pouco reconhecidas na história oficial do Brasil. No entanto, nas últimas décadas houve um esforço para reabilitar sua imagem e destacar a importância do movimento na história do país. Essas disputas de narrativa refletem as diferentes perspectivas sobre a história, a justiça social e a representação de figuras históricas, especialmente aquelas envolvidas em movimentos de resistência.  

Homenagem em vida: João Cândido e seu filho durante embarque para Porto Alegre, a fim de receber homenagens do governador Leonel Brizola, anos 1960. Arquivo Nacional – Fundo Correio da Manhã

A homenagem a João Cândido representa o reconhecimento de sua liderança na luta por melhores condições de trabalho e dignidade para os marinheiros negros da época e, além disso, de sua importância para a luta antirracista brasileira. A estátua simboliza a resistência e a luta pelos direitos humanos e tem um significado especial para a comunidade negra, que historicamente enfrenta o racismo estruturante da sociedade brasileira.

Seu Candinho, filho de João Cândido, na reinauguração da estátua do pai, em novembro de 2022. Foto: Beth Santos/Prefeitura do Rio

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