Estátua de Clarice Lispector

Esta placa integra o circuito ‘Ipanema/Copacabana’. Clique aqui e veja mais sobre esse e outros circuitos.

Site Clarice Lispector

Site Clarice Lispector

Clarice Lispector não nasceu no Rio de Janeiro — nem no Brasil. Refugiada da Ucrânia ainda bebê, naturalizou-se brasileira e criou com o Rio uma relação afetiva profunda, que marcaria de forma decisiva sua escrita. Nascida em 1920, em Chechelnyk, e batizada Haia Lispector, ela e a família adotaram nomes brasileiros quando chegaram ao Brasil. Criada em Maceió e Recife, chegou à capital fluminense em 1935 e, ao longo da vida, passou por bairros como Flamengo, Jardim Botânico, Catete, Tijuca e Copacabana. Mas foi no Leme que encontrou seu lugar definitivo: “Minha terra agora é o Leme”, afirmou certa vez.

Clarice e Paulo em frente à quitanda na rua Gustavo Sampaio, na esquina com a rua Anchieta. Década de 1960. Foto: Arquivo-Museu de Literatura Brasileira da Fundação Casa de Rui Barbosa | Arquivo Clarice Lispector.

Entre o mar e as montanhas, recomeçou a vida com os filhos após a separação e retomou a escrita depois de anos sem publicar. Morou no bairro entre 1959 e 1977, primeiro no edifício Visconde de Pelotas, na General Ribeiro da Costa, e depois no Edifício Macedo, na Gustavo Sampaio. Alternava entre o recolhimento íntimo e a convivência com artistas e amigos que também viviam ali, numa rotina simples que envolvia idas à praia, à padaria Duque de Caxias, à feira de segunda-feira e ao restaurante La Fiorentina — paisagem afetiva que se incorporou à sua literatura.

Clarice e Ulisses no apartamento da Gustavo Sampaio. Década de 1970. Foto: Arquivo-Museu de Literatura Brasileira da Fundação Casa de Rui Barbosa | Arquivo Clarice Lispector.

Clarice formou-se em Direito e trabalhou como jornalista, chegando a ser redatora do jornal A Noite, em 1942. Mas foi a carreira de escritora que a consagrou: começou aos 13 anos e, aos 23, ganhou o prêmio Graça Aranha de melhor romance do ano com Perto do coração selvagem. Clarice tornou-se uma das vozes mais originais da língua portuguesa, conhecida pela linguagem poética e pela investigação de temas existenciais, especialmente por meio de personagens femininas. Entre suas obras marcantes estão Laços de Família (1960), vencedor do Jabuti, e A Hora da Estrela (1977), seu último romance. Morreu em 1977, vítima de câncer, mas, de certa forma, permanece no bairro que adotou.

Desde 2016, Clarice e seu cão Ulisses — companheiro inseparável dos últimos anos — estão eternizados em bronze à beira da praia do Leme. A estátua, a primeira de uma mulher em tamanho real na cidade do Rio de Janeiro, foi idealizada pela biógrafa Teresa Monteiro e finalizada graças ao engajamento de leitores e admiradores, que financiaram o projeto por meio da venda de maquetes e campanhas públicas. A obra foi esculpida por Edgar Duvivier, autor de diversas obras espalhadas pela cidade, como o busto de Lima Barreto, na rua do Lavradio, e a estátua da Princesa Isabel, em Copacabana. O monumento a Clarice Lispector se completa com uma placa que traz um trecho da crônica As três experiências, de sua autoria: “Há três coisas para as quais eu nasci e para as quais eu dou a minha vida. Nasci para amar os outros, nasci para escrever e nasci para criar meus filhos. O ‘amar os outros’ é tão vasto que inclui até perdão para mim mesma, com o que sobra”.

Foto: Reprodução

.

Patrocínios

.

Parceiros

Realização

Pular para o conteúdo