Domingo, eu vou ao Maracanã
Avenida Radial Oeste, arredores do Estádio do Maracanã, dia de Fla-Flu, domingo de sol. Os integrantes da bateria se juntam, testam os equipamentos, sacodem os bandeirões. As organizadas ensaiam os primeiros cantos, ainda tímidos: “Domingo, eu vou ao Maracanã / Vou torcer pro time que sou fã / Vou levar foguetes e bandeira / Não vai ser de brincadeira / Ele vai ser campeão”.
O jogo começa. O juiz apita aquele impedimento duvidoso ou aquela falta suspeita. Fato contínuo: é solenemente vaiado por uma metade raivosa do estádio. Nem sua mãe escapa dos zumbidos e xingamentos. A outra metade, por sua vez, aproveita o momento de instabilidade do adversário e começa a cantar o hino de seu clube a plenos pulmões.
É o som das arquibancadas que dita o ritmo de jogo do time. Na hora do gol, as pessoas se abraçam, gritam, rezam, e a vida, por um instante, fica em suspenso. Há quem diga que o futebol seja mecanismo de fuga social, de alienação, de paixão. Seja como for, lado a lado, durante pouco mais de noventa minutos, milhares de pessoas, de todas as classes sociais e idades, pulsam em uma mesma sinfonia. O último apito do juiz devolve o torcedor à sua realidade e, aos poucos, o estádio se esvazia.