Boate Vogue
Há quem diga que nenhum outro espaço revolucionou mais a cena noturna carioca do que a Boate Vogue, um ícone dos anos 1940 e 1950. São inúmeras as lendas e histórias pitorescas da casa, que ficava na avenida Princesa Isabel, no centro nervoso de Copacabana. A “boîte” foi fundada por Max von Stukart, o Barão, um austríaco de linhagem nobre que chegou ao Rio fugindo da guerra. Logo a Vogue se tornou o palco mais cool da cidade, frequentado pelas figuras mais importantes da época. No campo musical, era eclético. Grandes cantoras como Dolores Duran, Elizeth Cardoso e Emilinha Borba fizeram história em seu palco. Mas a marca registrada da Vogue era o piano do turco Sacha Rubin, que recepcionava os habitués com suas canções prediletas.
No burburinho de seus salões, travaram-se conversas cruciais para o cenário econômico, cultural e político do país. A Vogue, afinal, era antes de tudo um lugar de encontro. Ao mesmo tempo, marcava uma mudança de comportamento na elite carioca, que ia assumindo ares mais liberais. Casamentos foram feitos e desfeitos ao som da famosa orquestra do estabelecimento. Também dizem que foi a Vogue quem lançou um prato tipicamente carioca: o picadinho. O chef russo Gregoire Belinzanski, que teria introduzido o estrogonofe por aqui, fez uma adaptação no prato para não ferir estômagos tornados suscetíveis pelo consumo de uísque. Assim, saía o creme de leite e entrava a farofa e o ovo, para dar ‘sustança’ e reverter os efeitos do álcool.
A boate foi extinta por um grande incêndio, em 1956, episódio terrível, que perdurou por muito tempo no imaginário carioca.