As gráficas e os primórdios da edição literária

Com a chegada da Família Real em 1808 e da Imprensa Régia, a tipografia passou a ser um negócio possível para um grupo de cariocas que se interessavam pela imprensa e por livros. Após o fim da exclusividade da Coroa – que já imprimia romances europeus traduzidos em Portugal – sobre as publicações que circulavam na cidade, surgiram os primeiros tipógrafos que se arriscavam a trabalhar com impressos.  

O maior nome do século XIX foi, sem dúvida, o carioca Francisco de Paula Brito, tipógrafo, editor, escritor, tradutor, dramaturgo, poeta e jornalista. Em suma, um homem completo das letras, personagem-chave no nascimento da vida literária no Rio de Janeiro do período.

O tipógrafo, editor e escritor Paula Brito. Wikimedia Commons

Após aprender o ofício na Tipografia Nacional, foi dono – sozinho ou em sociedade – de diferentes estabelecimentos no centro da cidade, sendo um deles a Imperial Typographia Dous de Dezembro, com apoio direto do imperador Pedro II.  

Folha de rosto de publicação de Machado de Assis pela Typographia de Paula Brito. Fonte – O Menelick 2º ato

Em sua livraria, localizada na praça da Constituição (atual Tiradentes), reunia-se a fina flor da literatura, da política, do direito e do teatro do período. Foi, inclusive, sede da “Sociedade Petalógica”, surgida em 1853, onde um grupo de escritores notáveis se reunia periodicamente ao redor dos livros, revistas e jornais publicados pelas máquinas de Paula Brito. 

Foi em uma de suas gráficas, aliás, que o jovem Machado de Assis, com 15 anos, encontrou seu primeiro trabalho e teve o primeiro patrão como a primeira figura de editor. Paula Brito ainda foi responsável pela publicação de um dos primeiros romances brasileiros, O filho do pescador (1843), de Teixeira e Sousa, e o clássico da poesia Primaveras, de Casemiro de Abreu.

Folha de rosto do livro “O filho do pescador”, um dos primeiros romances brasileiros. Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin

Após a década de 1850, uma série de tipografias foram abertas na cidade, como a Franceza, de Georges Leuzinger; a Universal, de Eduardo e Henrique Laemmert; ou a Da Nação, de Domingos Luiz dos Santos. Além das casas de capital privado, funcionavam as tipografias dos principais veículos de imprensa, como as do Jornal do Comércio, do Diário do Rio, do Jornal das Senhoras e do Correio Mercantil.  

Isso não fez com que a situação do livro de ficção ficasse mais fácil para os autores. Quase sempre publicando no formato de subscrição (espécie de pré-pagamento por meio de uma coleta de dinheiro para financiar a impressão), até mesmo grandes autores da época demoraram algum tempo para verem suas obras em brochura ganharem o devido valor, tanto gráfico quanto de venda. Essa situação só mudaria substancialmente no início dos anos 1900 e, mesmo assim, lentamente.  

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