Arcos da Lapa
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Quem passa pela Lapa pode não imaginar que a estrutura de antigos arcos coloniais foi concebida e funcionou como um aqueduto, responsável por abastecer a cidade com as águas do rio Carioca.
Foi uma obra de muita importância para o desenvolvimento urbano: antes do aqueduto, os escravizados tinham que percorrer longas distâncias até a foz do rio Carioca para buscar água.
As obras de distribuição hídrica começaram em 1719 com a canalização das nascentes do rio Carioca. Em 1723, a obra estava concluída, mas em 1744 o governador Gomes Freire determinou sua reconstrução. A determinação veio porque a estrutura anterior, construída com canos de ferro, não resistiu às ações do tempo e nem às condições climáticas. O novo projeto utilizou a técnica de misturar pedra e cal ao óleo de baleia, formando uma liga de concreto extremamente resistente.
Erguido por mão de obra escravizada de africanos e indígenas, o Aqueduto da Carioca foi finalizado em 1750, sendo a parte dos arcos a mais visível. Ao todo, o sistema de abastecimento hídrico tinha cerca de 8km de extensão e transportava água desde a encosta do Corcovado até o chafariz da Carioca, aos pés do Convento de Santo Antônio.
Registrado por artistas nacionais e estrangeiros como sinônimo de modernidade, utilidade e beleza, o Aqueduto da Carioca foi se tornando obsoleto para o abastecimento urbano de água, em meados do século XIX, por conta da expansão urbana, a canalização de outros rios e o surgimento de novas possibilidades de abastecimento. Mas a obra não perdeu sua importância. A partir de 1896, os Arcos passaram a ser utilizados como viaduto para os novos bondes de ferro da Companhia de Carris Urbanos, principal meio de acesso do centro aos altos do bairro de Santa Teresa. Os bondes eram, então, o que havia de mais moderno em transporte urbano.
De aqueduto a viaduto, os Arcos se tornaram um dos cartões postais mais famosos da cidade. Com a criação do IPHAN, em 1938, a obra foi tombada e se tornou patrimônio histórico, cultural e natural do país.
Referências
ALMEIDA, A. C. L. de. O aqueduto da Carioca: paisagem de urbanidade. In: TERRA, Carlos, ANDRADE, Rubens de. (Orgs.) Coleção paisagens culturais: interfaces entre tempo e espaço na construção da paisagem sul-americana. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro; Escola de Belas Artes, 2008. v. 2. p. 249-255.
EQUIPE Brasiliana Iconográfica. Arcos da Lapa: de aqueduto a viaduto. Disponível em: Brasiliana Iconográfica
WANDERLEY, Andrea C. T. Os Arcos da Lapa e os bondes de Santa Teresa. Disponível em: Brasiliana Iconográfica
JACOBSEN, Priscila S. Os mapas e o tempo. Disponível em: UFRGS