Altinha

Pois é, no Rio as coisas podem ter vários nomes. É o que acontece com uma “brincadeira” que se desenvolveu na cidade nos anos 1950 e revela a capacidade de improvisação dos cariocas: a altinha. Mas, afinal, é altinha ou altinho? A galera “das antigas” insiste que é “altinho” e os mais novos preferem chamar de “altinha”.  

Foto: Natasha Eyer por Pedro Perestrello (2020)

A altinha é um jogo que floresceu junto com o futebol, mas priorizando a habilidade em vez da rigidez das regras do irmão famoso. Nasceu nas esquinas das ruas, nas portas das fábricas e nos campinhos espalhados pela cidade. Democrática, podia ser jogada com qualquer tipo de bola: meia, couro, borracha… 

A nova modalidade acompanhava as peladas de rua, era jogada em qualquer lugar junto ou substituindo o bate-bola, o bobinho e a linha de passe. Como preparação para o jogo de futebol, tinha a função de indicar os jogadores mais e menos habilidosos que seriam escolhidos no par ou ímpar para formar os times.

Fim de tarde em Ipanema – video @maracada.alta (2019) 

Na década de 1980, uma variação da brincadeira passou a incluir o ‘corte’ e começou a circular pela Praia de Ipanema, mais precisamente entre os postos 9 e 10, ganhando a denominação de altinho. A partir daí, a bola não parou mais de trocar de pés e subir aos céus, tomando conta das areias cariocas. Virou febre no Rio e se espalhou pelo Brasil.  

Bastam dois jogadores para começar o jogo cujo objetivo principal é não deixar a bola cair sem usar as mãos, fazendo isso da maneira mais bonita possível. A altinha envolve três jogadas básicas, inspiradas no futevôlei: a levantada, o corte e a defesa. Vale usar os ombros, a cabeça, o peito e os pés, é claro! Uma das características mais interessantes do esporte é que não há uma competição entre os jogadores, mas um espírito cooperativo. Para que todos ganhem, ninguém pode perder.  

O esporte começou sendo jogado ao lado das quadras de futevôlei, na areia fofa e quente, e desceu para a beira da água, onde bate a brisa e a areia não queima os pés. Em janeiro de 2020, o que começou como uma brincadeira se tornou Patrimônio Cultural Imaterial da cidade do Rio de Janeiro, mas, assim como o frescobol, a prática de altinha à beira-mar só é permitida depois das 17h. 

Este texto foi elaborado com a colaboração de Victor Martins responsável pelo @em.alta e www.emaltabrasil.com.br 

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