Futsal
Há duas versões sobre a invenção do futebol de salão, ambas com origem na Associação Cristã de Moços (ACM). A mais famosa diz que o esporte foi criado em 1934 na sede de Montevidéu, no Uruguai, pelo professor Juan Carlos Ceriani. A brasileira: foi o braço de São Paulo da associação que deu os primeiros toques, em 1940, no que viria a ser conhecido como futsal. Por falta de campos de futebol livres para praticar sua ‘pelada’, jovens frequentadores da ACM paulista passaram a usar as quadras de basquete e hóquei.
As partidas de futebol de salão são jogadas por cinco pessoas de cada lado, em quadras de cimento ou taco, em dois tempos de 20 minutos. Não existe impedimento e algumas regras do futebol de campo foram adaptadas para dar velocidade ao jogo, como o arremesso lateral, que era batido com as mãos e hoje é realizado com os pés. As bolas eram de cortiça granulada, serragem ou crina vegetal, mas como eram muito leves passaram a ser confeccionadas em forma menor e com materiais mais pesados.
A modalidade foi reconhecida como esporte no Rio de Janeiro, onde em 28 de julho de 1954 surgiu a primeira associação oficial de futsal do país, a Federação Metropolitana de Futebol de Salão (atual Federação de Futebol de Salão do Estado do Rio de Janeiro). Três anos depois, o então presidente da Confederação Brasileira de Desportos (CBD), Sylvio Pacheco, criou o Conselho Técnico de Assessores de Futebol de Salão.
O futsal logo caiu nas graças dos clubes sociais cariocas, muito frequentados pela elite de então. A manutenção era mais fácil no futebol de salão, já que as quadras eram menores e não precisavam do cuidado com a grama. O esporte se tornou uma espécie de celeiro que abastecia – juntamente com as ‘peladas’ de rua – os times profissionais de futebol de campo do Rio. Nos anos 1960 e início dos 1970, quando o futsal viveu o seu auge, clubes como Mello Esporte Clube, Mackenzie, Vila Isabel e Carioca cediam craques para Flamengo, Vasco, América, Fluminense e Botafogo.
A maioria acabava voltando para o futebol de salão, como ocorreu com Falcão, considerado o melhor jogador de futsal do mundo. Seu estilo veloz, criativo e livre não se adaptou bem ao tamanho do campo de futebol tradicional. Já Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho deram os primeiros chutes nas quadras de futsal e acabaram virando fenômenos nos campos.
Em 1965, o esporte já havia se difundido por toda a América do Sul, resultando na criação da Confederação Sul-Americana de Futebol de Salão, composta por Uruguai, Paraguai, Peru, Argentina e Brasil. Ao mesmo tempo, o futsal concorria com as ‘peladas’, ainda mais velozes, criativas e livres. E, aos poucos, foi se transformando numa forma de domesticação do jogo, pois exigia ordem, disciplina e uniformes – como o futebol tradicional.
Nos anos 1970, o Rio de Janeiro viveu uma crise econômica que abalou a existência dos clubes sociais, antecipando o fim dos times de futsal cariocas. Estados como São Paulo e Rio Grande do Sul mantiveram o esporte em alta no país, investindo na formação de jogadores e na realização de campeonatos. Após ser vinculado à FIFA, em 1989, o futebol de salão passou a contar com torneios profissionalmente organizados, aspecto que permitiu à modalidade alcançar visibilidade mundial.