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Bloco de Carnaval da Light – 20/02/1960 – Fotógrafo não identificado

O carnaval está enraizado na alma carioca desde os tempos da colônia. Os entrudos eram brincadeiras e folguedos ou representações, uma tradição provavelmente trazida pelos portugueses e que acontecia pela cidade, nos dias que antecediam a Quaresma. Os cidadãos saíam às ruas em grupos e jogavam uns nos outros, entre outras coisas nem sempre agradáveis, ovos e ‘limões de cheiro’ – bolas de cera cheias de água perfumada, depois substituídas pelas ‘bisnagas’ e lança-perfumes. Muita gente não gostava dessa prática, que foi reprimida e em meados do século XIX deu lugar às grandes sociedades carnavalescas, que teriam sido, junto com os ranchos – outra prática carnavalesca muito popular no início dos século XX –, uma das inspirações para o surgimento das atuais escolas de samba. Ainda tivemos o corso – agremiações carnavalescas que promoviam desfiles em automóveis, com muitos mascarados. E, no meio desta história tem lugar para a Light O bonde logo provou ser um veículo bastante adequado para o cortejos de carnaval. Esta fotografia foi tirada durante o carnaval de 1960 mas essa prática já durava três décadas. Grandes máscaras e estandartes além de outros elementos decorativos celebravam a própria empresa e seus funcionários, em especial os próprios motorneiros e condutores.

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Bloco de Carnaval da Light – 11/02/1961 – José Ferreira Neto

Aqui um outro bonde decorado para o carnaval de 1961. Eram verdadeiros carros alegóricos.

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Revista da Light, março 1928. Acervo Fundação Biblioteca Nacional

As batalhas de confete, antiga tradição, foram revigoradas quando passaram a acontecer, também, nos bondes da Light tornando-se mais um clássico do carnaval carioca. Tudo parece ter começado na década de 1920 por iniciativa de grupos esparsos e a empresa, sabiamente, entrou na história a partir de 1928 conforme relato extraído da Revista da Light: “O carnaval deste ano trouxe-nos uma surpresa: as batalhas de confete nos bondes. Muito grata foi para nós a inovação, pois que representa uma expressiva demonstração de simpatia popular pela Companhia, uma carinhosa demonstração de amizade a alguns dos seus empregados. Coube ao “Grupo dos Apertados” a iniciativa dessa festa original e inteiramente nova para o Rio. Nasceu o “Grupo dos Apertados” da simpatia que entre os passageiros soube conquistar o velho Ivo, que há 22 anos trabalha na mesma linha, a princípio como cocheiro nos tempos da Companhia São Cristóvão e depois como motorneiro da Light. A sua delicadeza, as suas atenções para com todos, a correção absoluta do seu procedimento granjearam-lhe a simpatia e depois a amizade geral, e aos passageiros de todos os dias tornou-se mais agradável a viagem quando feita ao lado do amável e simpático veterano.”

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Detalhes da Revista da Light, março 1928. Acervo Fundação Biblioteca Nacional

Na revista da Light de março de 1928, lê-se: “Crescendo o número de amigos do velho Ivo e não crescendo o tamanho dos bancos, aqueles se apertaram para que se dividisse por mais alguns o prazer da viagem e assim formou-se o Grupo que se compõe hoje, de 30 “Apertados” efetivos, dos quais 12 moças, mas com os agregados e aspirantes eleva-se o seu total a cerca de 80 pessoas." E ainda sobre o motorneiro Ivo Costa que tudo motivou, vale mais uma transcrição daquela reportagem: “Diz a canção francesa que com os pequenos presentes se cultivam as amizades e, sentindo assim, todas as sextas-feiras os “Apertados” se cotizam para que o amigo Ivo como um “bacalhau com muito molho”. Chegado o tempo das batalhas de confete, resolveram os “Apertados” fazê-la no seu bonde e também prestar mais uma homenagem ao excelente motorneiro.” O cartaz na frente do carro dizia: “Homenagem ao comedor de bacalhau com molho, às sextas-feiras, Sr. Ivo Costa. Grupo dos Apertados.”

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Bonde com foliões no Carnaval – Sem data – Ferreira Junior

O bonde do Leme era outro dos muitos pela cidade que promoviam as célebres batalhas de serpentinas e confetes no carnaval, incluindo a distribuição de prêmios aos mascarados. Os carros eram previamente alugados e faziam o percurso de ida e volta ao Centro. Mas no Centro e na Zona Norte, era comum que os foliões simplesmente invadissem os carros que passavam integrando-os assim aos festejos. Nestes períodos, passageiros, motorneiros e condutores já saíam para as ruas devidamente preparados para estes encontros e não havia alternativa; era cair na folia!

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Desfile de Carnaval – Sem data – Fotógrafo não identificado

No carnaval de rua, havia os blocos de sujo, mais espontâneos e mantendo um certo espírito do velho entrudo. Mas foram surgindo os blocos de enredo, mais planejados e organizados a partir de um tema. Saíam pelas ruas do Rio e recebiam a adesão espontânea de muitos foliões cariocas e turistas. Era mesmo uma grande diversão; momentos memoráveis. O compositor Lamartine Babo, que trabalhava na Light no início dos anos 1920, foi um dos fundadores de um desses blocos de funcionários, o Papa-Tudo, que saía da rua Larga (hoje marechal Floriano, onde fica a sede da empresa) no sábado de carnaval e seguia até o Hotel Avenida onde ficava a célebre galeria Cruzeiro e hoje está o edifício Avenida Central, na avenida Rio Branco.

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Blocos da Light saindo das Oficinas de Triagem – Década de 1950 – Fotógrafo não identificado

Nesta fotografia, vê-se o bloco da Turma da Light saindo das oficinas de Triagem para animar as ruas da vizinhança; o grupo está cercado por uma corda e logo à frente seguem os puxadores do bloco, todos homens fantasiados de mulher.

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Revista Light, março 1934

Como se vê, o carnaval de rua dos funcionários da Light tomou outros rumos, agora independente dos bondes, que vinham progressivamente sendo substituídos pelos ônibus – que também tiveram alguma participação naquelas manifestações. E não podemos nos esquecer de mencionar os bailes, começando por aqueles promovidos na Rio de Janeiro Athletic Association – Club do Leme, entre outros bailes, contando com a presença do Rei Momo e incluindo concursos de fantasia. Mas voltando às ruas e para concluir, segue uma reportagem da Revista Light sobre o carnaval de 1934 ‘nas ruas da Cidade Light’ em Triagem quando desfilaram os blocos “Apito Maldito” e “Tentação da Carne ou Gênio do Mal”.

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