Seta para voltar à página anterior

Reunião de preparação da Marcha da Família com Deus pela Liberdade na sede da CAMDE no Rio de Janeiro

24 de março de 1964

Isabella Souza 

 Após o Comício da Central do Brasil, grupos de oposição a João Goulart intensificaram seus esforços para desestabilizar o governo. Em 24 de março de 1964, as mulheres da Campanha da Mulher Democrata (CAMDE), uma das principais organizações femininas engajadas na promoção de ações políticas contra as esquerdas, reuniram-se para organizar a versão carioca da Marcha da Família com Deus pela Liberdade – que já estava com data marcada: 2 de abril de 1964.

Sob a liderança de Amélia Molina Bastos – escolhida como uma das dez personalidades do ano de 1964 pelo Jornal O Globo –, a CAMDE influenciava organizações similares em outras regiões do Brasil e promovia a cooperação entre todas elas. Defendendo a bandeira da mãe e da esposa dedicada e da dona de casa exemplar, essas mulheres se uniram em um movimento que se dizia defensor da “ordem” e da “moral”, através da intervenção militar e do apelo religioso.

Em reunião realizada no dia 24 de março de 1964 na sede da entidade – a Casa Nossa Senhora da Paz, em Ipanema –, ficaram definidos todos os detalhes para a realização da marcha. Muito material de propaganda do evento também foi produzido. Em certos momentos, alguns discursos chegaram a acirrar os ânimos e alertaram sobre a possibilidade de ações de sabotagem, como o bloqueio de vias e vandalização de meios de transporte. O quórum de mulheres interessadas no encontro foi tão grande que o salão rapidamente atingiu sua lotação máxima e o público excedente se acomodou nos corredores para não perder uma vírgula das informações.

Com data, hora e local definidos, era urgente garantir a presença do público. As mulheres da CAMDE passaram a promover apelos na imprensa para solicitar suporte logístico à passeata. E a estratégia deu certo. A organização conseguiu apoio para a realização e a disponibilização de veículos para o transporte dos manifestantes. Muitas mulheres se voluntariaram para distribuir convites da campanha nas portas de fábricas, escolas, empresas e sindicatos. E o espaço que conseguiram nos meios de comunicação acabou sendo essencial para a criação de uma identidade visual do evento: para compor a paisagem da marcha, faixas, velas, rosários, bandeiras do Brasil e uma infinidade de fitas verde-amarelas foram solicitados pela organização.

Rio de Janeiro, 24 de março de 1964. | Fotógrafo desconhecido. Agência O Globo

.

Patrocínios

.

Parceiros

Realização

Pular para o conteúdo