Estátua de Tom Jobim

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Ouça o aúdio sobre Tom Jobim

A importância de Tom Jobim para a cultura brasileira parece ser imensurável. Podemos dizer sem erro que ela é gigantesca. Um dos pais fundadores da bossa nova, Antônio Carlos Brasileiro Jobim influenciou o imaginário musical do Brasil inteiro e é até hoje um dos músicos mais reverenciados no estrangeiro. Com um jeito de tocar inconfundível, gravou com grandes nomes da música popular, nacional e internacional, como Elis Regina e Frank Sinatra. É de Tom Jobim — escrita com seu grande parceiro, Vinícius de Morais — uma das canções mais executadas da história, Garota de Ipanema, que conta com centenas de versões, indo de Amy Winehouse a Chitãozinho e Xororó. 

O Rio de Janeiro, aliás, além de ser terra natal do músico, foi decisivo para o trabalho do compositor. A cidade, em particular a zona sul carioca, foi uma fonte de inspiração na sonoridade de Jobim, sendo palco e personagem de suas canções. Ruas e bairros, bares e gentes que circulam pela cidade estão presentes nas suas composições, sem contar as paisagens naturais, outra constante em suas canções. Por fim, Jobim parece ter, ao mesmo tempo, traduzido e inventado uma sonoridade para o estilo de vida solar e urbano, tão caro para a identidade carioca. Em uma entrevista dada em 1965 para o jornal O Globo, Tom Jobim foi assertivo: “se o melhor lugar para vender música são os Estados Unidos, o melhor para compor é o Rio, onde há papo com os amigos, ambiente para o violão e praia”. 

Tom Jobim na casa da rua Barão da Torre, Ipanema. Antônio Trindade, 1960. Acervo Instituto Antônio Carlos Jobim

Tom Jobim cantou o Rio com sinfonias e cantos miúdos — típicos da bossa nova — como se estivesse fazendo uma declaração. Dos “inferninhos” noturnos — como eram conhecidas as boates da zona sul — às praias do Leblon, Copacabana e, principalmente, Ipanema, Tom Jobim traduziu a cidade em música. E uma vez que Jobim, cada dia mais internacional, passou a residir em Nova Iorque, a sua relação com a cidade também ganhou contornos de saudade. Talvez a maior dessas declarações de amor de Jobim à cidade seja seu “Samba do avião”, quando ele diz: Minha alma canta/ Vejo o Rio de Janeiro/Estou morrendo de saudade/Rio seu mar, praias sem fim/Rio você foi feito pra mim”. De fato, Tom Jobim e o Rio de Janeiro foram feitos um para o outro. 

Por isso mesmo, não havia lugar melhor para eternizar o compositor. Desde o dia 08 de dezembro de 2014, quem passa pela orla de Ipanema, na altura do Arpoador, encontra uma estátua em tamanho real de Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim. O local que o músico, compositor, cantor, arranjador e maestro, foi imortalizado não poderia ser mais adequado, dada a relação íntima com o litoral da zona sul carioca. A data da inauguração se deu em homenagem aos 20 anos da morte do compositor, que faleceu no dia 08 de dezembro de 1994. Aliás, nem seria absurdo imaginar que Jobim muito bem pode ter dado esses mesmos passos, com violão em riste, entre um sarau e outro nas festas musicais da bossa nova, que brotava por aquelas bandas.

Tom Jobim e Vinícius de Morais em Brasília. Jader Neves, 1960. Acervo Instituto Antônio Carlos Jobim

A peça é feita de bronze e pesa cerca de 200 kg e levou cerca de 4 meses para ficar pronta, num processo que envolveu diversas etapas — desde a confecção do molde em arame até a aplicação do bronze, sem mencionar a finalização da peça, pintada à mão A autora é a artista paulista Cristina Motta, conhecida por suas esculturas em bronze espalhadas pela cidade de Búzios, como a estátua da atriz francesa, Brigitte Bardot. Cristina Motta escolheu uma fotografia, tirada em 1960 por Jader Neves, na qual Tom e seu parceiro Vinícius de Morais caminham, lado a lado, em uma estrada de terra, margeada com a vegetação do cerrado, de uma Brasília em construção. Os músicos visitaram a novacap antes mesmo da inauguração, para apresentar a Juscelino Kubitschek “Brasília, Sinfonia da Alvorada”, música encomendada à dupla pelo presidente. A fotografia serviu de referência para Motta compor a pose, a fisionomia, as vestes, e mesmo o violão erguido, apoiado no ombro.

O evento de inauguração da estátua contou com a presença de familiares, incluindo a viúva Ana Jobim e os filhos do músico, Maria Luiza e Paulo Jobim, e do sexteto Terra Brasilis. O secretário de Turismo, Antônio Pedro Figueira de Melo, conduziu a cerimônia de inauguração da estátua e destacou a importância da homenagem, e o jornalista Sérgio Cabral, que escreveu a biografia de Tom Jobim, também esteve presente. 

Reprodução/X

E a inauguração não foi a única vez que músicos se reuniram em torno da estátua para tocar ao vivo. Em algumas ocasiões — em especial nos finais de semana ensolarados —, piano, bateria, violão e saxofone são levados para a rua e, ao redor da imagem do músico, reverenciam o ilustre compositor. A estátua, portanto, torna-se um ponto de encontro, criando um elo afetivo e musical entre a memória do músico e a população da cidade.

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