Saens Peña
O assomo de magazines, lojas de departamentos, barracas de artesanato, bancos, farmácias e o rebuliço de passantes não remete em nada à vocação que dormita em seu passado. Talvez seja difícil aos mais jovens acreditar, mas a Praça Saens Peña, no coração da Tijuca, já foi um polo de cinemas de rua.
Um deles era o Cinema Carioca. Inaugurado em março de 1941, era exemplo do luxo dos grandes prédios art déco da época. Seu edifício foi tombado em 1988 e permanece como um monumento vivo da região, embora hoje seja usado como uma sede da Igreja Universal. Mais à frente, a Galeria Eskie, que abrigava o cinema de mesmo nome, era famosa por sua escada. Seus degraus serviram a desfiles de moda, mas também foram cenário para o tiro dado em Carlos Marighella por um agente do Dops, em 1964. Esse cinema encerrou suas atividades em 1990 e hoje é uma loja de departamentos.
Inaugurado em 1941, o Cinema Metro Tijuca era o mais elegante da praça e, durante muito tempo, o único a possuir ar-condicionado. Lá, a MGM realizava exibições de operetas nas tardes de quinta-feira e, nos domingos, apresentava, pela manhã, o Festival Tom e Jerry. Deixou de funcionar como cinema em 1977, e o local hoje abriga uma loja.
O Cinema América era o mais antigo da praça. Seu prédio foi construído em 1915, e a sala de exibição passou as funcionar em 1918. Em 1997, desativou sua telona. Hoje, abriga uma filial de farmácia. Já o Cine Teatro Olinda chegou a ser um dos maiores da América Latina, com capacidade para 3,5 mil lugares. Seu prédio foi demolido em 1972 para dar lugar a um centro comercial. Ao redor da praça, existiam, ainda, os chamados “poeiras”: salas de exibição pequenas, com cadeiras de madeira e sem ar-condicionado.