Basílica da Penha

A Basílica Santuário de Nossa Senhora da Penha de França é um dos mais importantes santuários religiosos do país. Sua história começa em 1635, quando o capitão Baltazar de Abreu Cardoso — proprietário da região de entorno do atual santuário — foi atacado por uma serpente enquanto subia o penhasco para ver suas plantações e clamou por ajuda à Nossa Senhora. Em agradecimento por ter escapado com vida, ele construiu uma pequena capela em sua homenagem no alto do penhasco. Desde então, o local se transformou em um centro de peregrinação e devoção.

Igreja da Penha. J. Pinto. 1900-1910. Fundo Instituto Oswaldo Cruz. Brasiliana Fotográfica

Até o início do século XIX, os devotos escalavam a pedra para visitar a capela. Em 1817, um casal prometeu, enquanto subia, esculpir uma escadaria no penhasco caso conseguissem ter um filho. E assim o fizeram. Financiaram a obra —  realizada por trabalhadores escravizados —  que facilitou o acesso à igreja.

Igreja da Penha em dia de Festa. Marc Ferrez, 1912. Coleção Gilberto Ferrez. Brasiliana Fotográfica.

Os 382 degraus tornaram-se, então, um importante elemento simbólico para os devotos, que sobem a longa escadaria em sinal de penitência, devoção ou em agradecimento pelas graças alcançadas. Essa tradição de subir os degraus, em alguns casos até de joelhos, fortaleceu o simbolismo de sacrifício e fé que marca a relação dos fiéis com o santuário e passou a atrair peregrinos de todo o país. A escadaria e o trajeto até o topo são cercados por histórias de fé que enriquecem ainda mais a devoção ao local. Atualmente, o santuário também conta com um sistema de bondinho que facilita a subida dos visitantes e traz acessibilidade ao templo. 

Festa da Penha, 30 de setembro de 1972. Monzart. Arquivo Nacional/Fundo Correio da Manhã.

A capela original sofreu sucessivas expansões para acomodar o crescente número de fiéis. As obras de construção da basílica atual, em estilo neogótico, tiveram início em 1900 e foram concluídas em 1925. A arquitetura da igreja é marcada por suas torres altas e janelas em ogivas — reforçando seu caráter monumental e sacral — e se destaca de maneira impressionante na paisagem urbana, podendo ser avistada em diversos pontos da cidade. 

Foto: Reprodução Canção Nova

A importância da Igreja da Penha não é apenas religiosa. O local também representa a cultura e a história da cidade do Rio de Janeiro. Com o passar dos anos, o santuário se tornou um ponto de encontro, onde fé, cultura popular e tradições cariocas se misturam. A famosa festa da Penha, celebrada anualmente em outubro, atrai milhares de pessoas para uma das mais antigas e importantes manifestações populares da cidade, integrando elementos da cultura, música, gastronomia e comércio, o que atrai tanto fiéis quanto turistas. 

Era na festa da Penha que sambistas importantes como Pixinguinha, Heitor dos Prazeres, Donga e Noel Rosa testavam as composições que embalariam o carnaval do ano seguinte. E a festa não apenas era palco de divulgação das composições, mas também fonte de inspiração para os artistas, como foi para Cartola e tantos outros:

Uma camisa e um terno usado
Alguém me empresta
Hoje é domingo
E eu preciso ir à festa
Não brincarei
Quero fazer minha oração
Pedir à santa padroeira proteção
Entre os amigos
Encontrarei algum que tenha
Hoje é domingo
Eu preciso ir à Penha
Levarei dinheiro pra comprar
Velas de cera
Quero levar flores
Para a santa padroeira
Só não subirei
A escadaria ajoelhado
Pra não estragar
O terno que peguei emprestado

Cartola – Festa da Penha

Festa da Penha, 2023. Reprodução site oficial Basílica Nossa Senhora da Penha

Em 2016, o Papa Francisco concedeu à igreja o título de Basílica Menor, um reconhecimento de sua importância para a fé católica no Brasil. Esse título é concedido a igrejas de grande relevância histórica, cultural e espiritual, e reforça o status da igreja como um dos principais marcos religiosos do país. A Basílica Santuário de Nossa Senhora da Penha de França continua sendo um símbolo de fé e da história da cidade, constituindo-se como um espaço de devoção, memória e identidade para gerações de cariocas.

Monzart. Festa da Penha, 30 de setembro de 1972. Fundo Correio da Manhã. Arquivo Nacional.

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