Quando o bonde chegou à cidade do Rio de Janeiro, o processo de adaptação foi gradual. Inicialmente, o ritmo imposto pela novidade pouco mudou a realidade aqui vigente – afora a instalação de trilhos, o que obrigava os cidadãos a manterem sempre livres os seus caminhos, pois o bonde não podia fazer desvios. Nas ruas estreitas onde circulava nos dois sentidos e nos mesmos trilhos, havia situações em que se tornava necessário o uso do apito para comunicar sua presença e evitar contratempos.

À medida que o número de bondes cresceu, e com a chegada dos bondes elétricos, a disputa pelo espaço nas ruas se intensificou. Eram carruagens, charretes e cabriolés, todos de tração animal. Carroças e bicicletas. Gradualmente, a presença dos automóveis foi também se intensificando, e muito. O que acarretou na criação de legislação para impor uma nova ordem. Os carros de boi foram os primeiros a deixar de circular nas estradas. Nas cidades, tornou-se obrigatória a obtenção da carteira de motorista. Depois, educou-se os pedestres para atravessar as ruas, e surgiram os sinais de trânsito, etc. etc... e pensar que tudo isto aconteceu na primeira metade do século XX! Na imagem anterior - seguida por seu detalhe - e nas próximas seis - 5 delas também acompanhadas de detalhes - enfatizamos a marcante presença dos veículos de tração animal que continuavam indispensáveis, tornando inevitável a convivência com os bondes e demais veículos no trânsito da cidade. Esta é, ainda, a nossa homenagem aos cocheiros pela longa e brava contribuição à vida e à história desta cidade.

Rua Larga Car house - Avenida Marechal Floriano – 03/11/1911 – Mortimer

O fotógrafo E. A. Mortimer fez esta fotografia para documentar o poste que suportava os cabos telefônicos. Mas legou-nos a perfeita ideia da rua da Carioca de então, onde conviviam pedestres, burros-sem-rabo, ambulantes com suas carroças, bicicletas, automóveis e bondes – como vê-se no detalhe da imagem, a seguir.