Uma Maré diversa

As favelas da Maré são diversas em origens, formas, histórias e composições de seus moradores. Também são diversas em relação a gênero. Se a Maré é feminina em sua essência, isso não significa dizer que não existam ali muitos gêneros. É nesse território acolhedor que a diversidade é celebrada há décadas, de diferentes formas.

Nos anos 1980 e 1990, a ‘Noite das Estrelas’ se configurava como uma festa derivada das festas juninas e celebrava a diversidade em várias favelas da Maré. Na ocasião destes eventos, travestis, pessoas trans e homossexuais, como Marcela Soares e Van Preta, se reuniam para shows de música e dança, em momentos que podiam celebrar a liberdade de seus corpos e a vida. 

Apresentação da “Noite das Estrelas”, s/d. PROJETO ENTIDADE MARÉ. Amar na Maré. PISEAGRAMA, Belo Horizonte, n. 15, p. 10-17, dez. 2021.

As pessoas  LGBTQIA+ da Maré também tiveram de lutar pelos seus espaços na sociedade, pelo direito de serem quem são. Dessas experiências de lutas compartilhadas por todos e todas as mareenses, formaram-se alguns coletivos no território, tais como: Conexão G, Instituto Trans da Maré, Resistência Lésbica da Maré, entre outros/as.   

Instituto Trans da Maré. Foto: Divulgação

Essa mobilização se reflete não apenas no orgulho, mas também no fato de que a Maré se tornou uma pioneira nas lutas e conquistas da população LGBTQIA+. É na Maré que, desde o começo dos anos 2000, ocorre uma das maiores e mais antigas paradas LGBTQIA+ – a primeira dentro de uma favela. Marielle Franco, uma de suas moradoras mais famosas, era bissexual e vivia uma relação homoafetiva.

Em setembro de 2021, na Nova Holanda, foi inaugurada a Casa da Diversidade Gilmara Cunha. O nome é uma homenagem à fundadora do grupo Conexão G – primeiro Centro de Promoção da Cidadania LGBTIQIA+ instalado numa favela do Rio. A unidade é ligada ao Programa Estadual Rio Sem LGBTFobia, e oferece diversos serviços à população LGBTQIA+, demonstrando que, se a Maré é diversa e complexa nos muitos gêneros da existência humana, ela também é dor, luta, pioneirismo e orgulho. 

Gilmara Cunha, referência na luta LGBTQIA+, 2021 Foto: Patrick Mendes

Patrocínios

Parceiros

Realização

Pular para o conteúdo