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Prédio da UNE é incendiado no Flamengo

01 de abril de 1964

Danilo Araujo Marques

À medida que passava o dia 31 de março, o Golpe ia ficando cada vez mais concreto na cidade do Rio. Assim que chegou a notícia do levante militar iniciado em Juiz de Fora, dirigentes da União Nacional do Estudantes (UNE) e do Centro de Cultura Popular (CPC) convocaram uma reunião no conhecido endereço da sede nacional: Praia do Flamengo, número 132. Como as informações chegavam de um jeito ainda meio desencontrado, parte do grupo decidiu permanecer em vigília. Do lado de fora, os ânimos de quem apoiava o Golpe já estavam bastante exaltados. Não deu outra. Naquela noite, um carro passou disparando rajadas de metralhadora contra o edifício símbolo da atuação do movimento estudantil no Rio de Janeiro desde a década de 1940. O recado não poderia ser mais explícito. 

O major-brigadeiro Francisco Teixeira – comandante legalista da III Zona Aérea – chegou a ser acionado para manter a segurança do local. Mas, nas primeiras horas do dia seguinte, 1º de abril, o Golpe Militar já era um fato. Com a necessidade de reposicionamento das tropas pela cidade, a UNE ficou sem a proteção da Aeronáutica e virou alvo fácil. Às 10 horas da manhã, apoiadores de Carlos Lacerda e grupos paramilitares invadiram o edifício, depredaram salas e arremessaram móveis, papéis e livros pelas janelas. Coquetéis Molotov foram jogados nos três andares do edifício e, em pouco tempo, as chamas tomaram conta da fachada. Quem ainda estava no prédio, precisou sair às pressas pelos fundos e pular o muro. 

Mais do que física, a destruição da sede da UNE era simbólica. Logo no primeiro dia do Golpe, ela cumpriu a função de escancarar o modo como seriam tratadas todas as formas de oposição política dali pra frente. 

Primeiras horas da depredação do prédio da UNE na Praia do Flamengo. Rio de Janeiro, 1 de abril de 1964. CPDoc / Jornal do Brasil.

Trecho do filme Jango, de Silvio Tendler. Caliban Produções, 1984.

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