O verão chegou ao Rio de Janeiro com um sol resplandecente. E os cariocas, mantendo o ritual, marcaram presença nas praias – desde casais de namorados na areia até jogadores de futebol.  Com uma temperatura de 41 graus, tempo bom e céu azul, nas rádios “I want to hold your hand” e “Mais que nada”, o momento era perfeito. Na orla do Arpoador, vários curiosos observavam os meninos deslizando nas ondas. Eles estavam “surfando”, diziam, e a moda pegou. Em frente ao Castelinho, em Ipanema, a praia se transformou em uma passarela para desfile de famosos do teatro, rádio, televisão e muitos escritores. No meio dessa agitação, fãs se aglomeravam para ver seus ídolos de perto.

Em Copacabana, os biquínis ganharam novas cores e formas, com estampas coloridas, bolinhas e flores. Chapéus e laços ornavam as moças, enquanto os rapazes exibiam suas sungas coloridas. Era a cor do Rio, a cor do verão! 

Naquele verão de 1964, a rotina das praias era quase religiosa. Às 7h, começava o banho de sol dos mais idosos – que frequentavam a praia por motivos de saúde, como disseram em entrevistas. Depois, a atmosfera era tomada por risadas e baldes coloridos, indicando a chegada das crianças. Por volta das 11h, as moças desfilavam em grupos. Este era o ápice do dia. Às 16h, começavam a surgir na paisagem os trabalhadores, especialmente as empregadas domésticas, que trocavam os uniformes por biquínis para desfrutar um pouco do mar. Às 17h, as praias se transformavam em um verdadeiro Maracanã, com jovens ostentando camisas de times, proporcionando um espetáculo de futebol à beira-mar até o anoitecer.