Turfe

As corridas de cavalo, mais conhecidas como turfe, começaram a ganhar destaque num Rio de Janeiro colonial e, a partir do século XIX, ampliaram seu alcance à medida que a cidade intensificava o processo de modernização dentro dos padrões europeus. Na Europa, os hipódromos eram lugares de exibição de riqueza e prestígio, onde encontros sociais com interesses comerciais eram realizados. No Rio não foi diferente, pois a elite carioca logo aderiu ao esporte, às apostas e às reuniões sociais.  

As corridas, que já aconteciam esporadicamente desde 1810 e se tornaram mais frequentes a partir de 1825, eram organizadas por imigrantes ingleses na Praia da Saudade, em Botafogo. Com a criação em 1849 do Club de Corridas, no bairro São Francisco Xavier, o turfe ganhou novo status, contribuindo para a caminhada do Rio em direção à ‘Paris dos Trópicos’. As primeiras corridas foram organizadas no Prado Fluminense (localizado no Club de Corridas, onde fica a UERJ atualmente) pelo major João Guilherme Suckow. A imprensa reservava um importante espaço aos eventos, como mostra a edição do “Correio Mercantil” de 21 e 22 de setembro daquele ano: “No domingo passado grande parte da população desta capital correu a gozar um espetáculo tão divertido como novo entre nós: as corridas de cavalos no Prado Fluminense”. Em 11 de dezembro de 1853, um cronista do “Diário do Rio de Janeiro” narrava: “Moças formosas, cavaleiros distintos, seguiam com uma curiosidade frenética as corridas dos generosos cavalos”.  

Depois do Club de Corridas, vieram o Jockey Club, em 1868, que realizava suas corridas no mesmo Prado Fluminense; o Club de Corridas de Vila Isabel, em 1884; o Prado Itamaraty (Derby Club), em 1885, no local onde depois foi erguido o estádio do Maracanã; o Turf Club, em 1889, ao lado do Prado Itamaraty; o Hipódromo Nacional, na atual Praça Afonso Pena; e o Prado Guarany, na região da Praia Formosa. Mais popular, com instalações modestas e cavalos de segunda linha, o Guarany atraía ao mesmo tempo sucesso de público e incômodo por parte das outras agremiações. 

Derby Club. Acervo BN Digital

Na última década do século XIX, o Rio contava com cinco prados. As corridas começavam ao meio-dia, mas chique era chegar mais tarde, por volta das 17h, trazendo como acessório o binóculo – indispensável para acompanhar o turfe e para ser citado nos jornais. As apostas eram a parte menos glamorosa dos eventos. Elas aconteciam nas ‘casas de poule’ e levavam muitos apostadores à ruína, gerando inclusive confusões entre os proprietários de cavalos que, por vezes, acabavam em tiros.

Jockey Club (1 – azul), Clube de Vila Isabel (2- cinza), Turf Club (3 – verde), Derby Club (4 – vermelho), Hipódromo Nacional (5 – lilás), Prado Guarany (6 – laranja), Quinta da Boa Vista (7 – amarelo – apenas para referência). Biblioteca Nacional

Em 1912, o turfe chegou ao Club de Corridas de Santa Cruz. Um trem especial levava os espectadores ao hipódromo, que sobreviveu até 1918. No início dos anos 20, o Jockey Club fez uma permuta com a prefeitura, cedendo a área ocupada pelo Prado Fluminense. Em troca, ficou com os 400.000 metros quadrados de um terreno pantanoso na Lagoa Rodrigo de Freitas, que vinha sendo aterrado com resíduos do desmonte do Morro do Castelo. Onde outrora se via um pântano, seria erguido o Hipódromo da Gávea. 

Inaugurado em 1926, o hipódromo era compartilhado pelo Jockey e pelo Derby Club, que realizavam corridas em datas alternadas. As duas sociedades resolveram se unir e, em 1932, nasceu o Jockey Club Brasileiro. No ano seguinte, o espaço recebeu o primeiro Grande Prêmio Brasil. E, com ele, o início da escalada do esporte no Rio, que teve seu auge nos anos 50. O Hipódromo da Gávea foi palco de grandes exibições do paranaense Luiz Rigoni, considerado o maior jóquei do país. Sua vitória com o cavalo El Aragonés no GP Brasil de 1954 até hoje é citada como uma das obras de arte mais magistrais de um jóquei. 

A mudança da capital para Brasília marcou o início da derrocada do turfe na preferência da elite carioca e da importância do Rio de Janeiro no cenário do esporte nacional. Somou-se a isso, o decreto editado pelo presidente Jânio Quadros que proibiu a presença de menores de 21 anos nos hipódromos e a realização de corridas de cavalo durante a semana.  

Mesmo sem o charme e investimentos de outrora, o turfe ainda é presente no Rio, atraindo todos os dias apaixonados pelo esporte – e apostadores – ao Jockey Club do Rio.  

Jockey Club, 1965. Foto de Alice Brill Czapski. Instituto Moreira Salles

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