São Januário
Autor: Rafaela Cristina
Turma: PBL 101
Pesquisando no Google, facilmente conseguimos achar a história de São Januário, mas não sabemos como é a sensação de estar lá. Não sabemos o que significa para a torcida desse imenso clube de regatas. Peraí, você ainda não conhece a história do Vasco nem a de São Januário? Ok, ok, explicarei brevemente para que você não se sinta deslocado lendo a entrevista.
A história do Vasco da Gama, time de futebol fundado no dia 21 de agosto de 1898, começou aqui mesmo, no Rio de Janeiro, quando um grupo de imigrantes portugueses se reuniu para formar uma agremiação esportiva que, inicialmente, se dedicava principalmente ao remo. Mas eu sei que vocês querem saber sobre a história do futebol do Gigante da Colina.
Há muitos anos, mais ou menos em 1910, o futebol começou a se popularizar aqui no Rio. Três anos depois, em 1913, o Botafogo perdeu para um time português em casa. Vocês acreditam?
O presidente vascaíno da época, Raul da Silva Campos, percebeu que o Vasco poderia reunir a colônia lusitana em torno do clube, criando assim uma torcida imensa. Naquele ano, a população carioca era quase 20% portuguesa e, como o Vasco ainda não tinha um departamento de futebol, a ideia de Raul foi incorporar o departamento do Lusitânia Sport Club.
O Lusitânia era um clube muito restritivo, só aceitava portugueses como sócios, eram cheios de restrições. Já o Vasco, por outro lado, aceitava portugueses, brasileiros… não tinham essa restrição boba.
No dia 26 de novembro de 1915, foi celebrado um acordo entre os clubes que levou à incorporação do Lusitânia pelo Vasco, dando origem ao departamento de futebol do Vasco da Gama, mesmo com a oposição dos remadores vascaínos.
O Vasco começou a se preparar para requerer a inscrição como sócio da Liga Metropolitana de Sports Athléticos. O tempo que eles tinham era pouco: o clube precisava montar seu time e juntar a quantia necessária para o pedido até 10 de março, data de encerramento do prazo de inscrição.
Segundo Mário Filho, o time vascaíno foi montado com dois jogadores do Lusitânia e diversos “mulatos e pretos que o Vasco andou apanhando nas peladas, nos clubes pequenos, já feitos.” Vocês acreditam nisso? Hoje em dia, o racismo ainda se faz presente, imagina naquela época… O Vasco foi o primeiro time a lutar contra o racismo, o primeiro a entrar contra a discriminação por classe social também. Continua lendo que eu vou te contar como foi isso.
Em 1919, o Vasco buscava jogadores nos subúrbios cariocas, incorporando aos seus quadros jogadores de qualquer origem étnica, com a condição de que soubessem jogar futebol. A base do time de 1919 foi buscada no Engenho de Dentro Atlético Clube, que era o principal clube do Campeonato Suburbano do Rio de Janeiro de Futebol, competição realizada entre times do subúrbio carioca. Quatro jogadores do Engenho foram contratados pelo Vasco. A ida desses jogadores para o Vasco foi muito criticada pelo jornal Gazeta Suburbana. Quando esses jogadores foram apresentados com a camisa do Vasco, foi motivo de piada, uma completa falta de respeito.
Os clubes da elite não suportavam ver seus times sendo derrotados por um time formado por negros, pobres, analfabetos e que nem um estádio possuíam. Junto com isso vieram as acusações de falta de profissionalismo e a alegação de que analfabetos não poderiam mais jogar. Daí em diante, o Vasco pagava professores para que ensinassem seus jogadores a assinar a súmula das partidas.
O Vasco se tornou o primeiro clube com pretos, pobres, analfabetos e operários a ser campeão. Rui Proença, português de nascimento e radicado no Rio, identifica o fato como uma verdadeira revolução, enfatizando os preconceitos e dificuldades inicialmente encontrados pelo Vasco. Ele associa esse fato ao Flamengo, Fluminense e Botafogo, que não permitiam a entrada de negros em seus clubes.
Após diversas vitórias do Vasco da Gama com seus jogadores, os times da Zona Sul – Botafogo, Flamengo, Fluminense e alguns outros clubes – encontraram uma solução para se verem livres dos vascaínos no ano seguinte. Assim, se uniram, abandonaram a Liga Metropolitana de Desportos Terrestres (LMDT) e fundaram a Associação Metropolitana de Esportes Athleticos (AMEA), deixando o Vasco de fora. O clube só poderia se filiar à nova entidade caso dispensasse doze de seus atletas (todos negros), sob a acusação de que teriam “profissão duvidosa.”
Diante da situação imposta, em 1924, o presidente do Club de Regatas Vasco da Gama, José Augusto Prestes, enviou uma carta à AMEA, que veio a ser conhecida como a “Resposta Histórica,” recusando-se a se submeter à condição imposta e desistindo de filiar-se à AMEA.
Trecho da carta mantido inalterado
Em 1925, o Gigante da Colina venceu a resistência da AMEA, conseguiu se integrar e voltou a disputar o campeonato depois de ter conquistado o bicampeonato estadual em 1924. Apesar disso, o Vasco decidiu construir seu próprio estádio para acabar com qualquer exigência. O clube fez campanhas para que torcedores se tornassem sócios e levantou 685 contos e 895 mil réis para a compra do terreno e 2 mil contos de réis para a construção.
Inaugurado no dia 21 de abril de 1927, ainda sem a arquibancada em curva, São Januário teve sua obra concluída em 31 de março de 1928. Com a arquibancada finalizada, o estádio se tornou o primeiro brasileiro a poder receber jogos noturnos por haver refletores. Os refletores foram inaugurados no amistoso entre Vasco e Wanderers.
Após a conclusão das arquibancadas, São Januário foi considerado o maior estádio da América do Sul até a construção do Centenário, no Uruguai, para a Copa de 1930.
Ao longo dos anos, o complexo de São Januário recebeu melhorias que permitiram o ingresso do clube em outros esportes além do remo e do futebol. Quadras de tênis, vôlei e basquete já existiam na inauguração. Foi criado um parque aquático e, durante algum tempo, havia uma pista de atletismo ao redor do gramado.
Pronto! Agora vocês sabem a história do Vasco, sabem como São Januário foi erguido, e agora faremos uma breve entrevista com alguns torcedores cruzmaltinos para entendermos melhor esse amor incondicional.
Nosso entrevistado é André, torcedor vascaíno de 16 anos.
1ª pergunta:
“O que São Januário representa pra você?”
Resposta:
“Um lar. Fui atleta de judô lá, eu ia direto.”
2ª pergunta:
“Quais são os sentimentos despertados em você quando falamos sobre São Januário?”
Resposta:
“Ansiedade e paixão.”
3ª pergunta:
“Por quê?”
Resposta:
“Quando você vai ver um jogo, fica ansioso pelo resultado. E paixão pelo clube já é de sempre.”
4ª pergunta:
“Pra você, o que tem de mais belo na história do seu time?”
Resposta:
“A falta cobrada por Juninho Pernambucano, trazendo o título da Libertadores. Que golaço, por cima do River Plate ainda!”
5ª pergunta:
“Tem alguma sensação específica que mais te alegra quando falamos sobre São Januário?”
Resposta:
“A sensação de adrenalina e comemoração. Copos voando pra todo lado, torcida gritando. Bom demais.”
6ª pergunta:
“Cite um momento marcante na história do Vasco da Gama.”
Resposta:
“Quando o Vasco estava na Série B e botou o Sport Club pra comer poeira. Até hoje o Sport está na Série B. E também a virada do Romário contra o Palmeiras. 4×3 Vasco.”