Rio do Povo

Autora: Maria Eduarda Queiroz

Não sei como criar uma representação que não seja visual sobre memórias. Ainda não pensei em uma forma de descrever as situações cotidianas que tenho vivido nos últimos tempos.

 Afinal, onde cabe um sorriso no texto?

 Todos os dias vejo os camelôs que vêm e vão fazendo seu trabalho e os artistas que chegam com poesias de temas recorrentes, eles resistem lutando contra o racismo, machismo e pela igualmente através de sua arte trazendo conhecimento para a viagem apesar de muitos não darem crédito ou atenção.

 E onde guardamos os registros das histórias das  vidas de pessoas que não recebem os holofotes?


Imagem 1- Madu Queiroz, acervo pessoal

Mas venho trazer essas lembranças de tanta coisa que aprendo nas ruas do Rio de Janeiro.

 Uma tarde de rolê pela famosa Selarón – escadaria no bairro da Lapa que se tornou além de ponto turístico um ponto de encontro do carioca- me trouxe o Bruno: cantor independente local, músico que toca diversos instrumentos, viajante e um pai apaixonado pela vida e pela arte. Nesse momento de conversa ao som de Djavan e Seu Jorge Bruno nos contou sobre várias experiências de sua vida como músico, histórias das suas viagens e sua maior motivação: o nascimento do seu filho. “Viajei muito, conheci vários países, curti bastante mas quando ele nasceu eu descobri o meu propósito.”

 Ele nos deu motivação para continuar seguindo nossos talentos e que as coisas acontecem no seu tempo certo e o dia continuou incrível com duas moças dançando as músicas tocadas e contagiando a todos com a animação.


Imagem 2- Madu Queiroz, acervo pessoal

  Esperando o trem após um dia de aula fiz uma amizade na estação do Maracanã, apesar de não saber nome ou idade é uma mulher que admiro muito.

 Negra e periférica precisou assumir várias responsabilidades bem cedo, uma delas foi com a irmã. Contou: “Eu já tinha terminado a escola, mas aí ela parou, não quis fazer o ensino médio aí eu falei ‘Pra você continuar eu faço com você’, me matriculei e voltei pra motivar ela, não queria que ela deixasse de ter a oportunidade de conseguir uma profissão, então pra ela estudar eu fui junto.” Depois narrou seus anos como professora e atualmente é autônoma fazendo doces para festas. A irmã também encontrou algo que gostasse após a escola e seguiu carreira.

  Pra mim foi difícil imaginar alguém fazendo esse esforço por outra pessoa, fiquei muito emocionada e pensativa sobre o quanto nós podemos fazer pra melhorar a vida do outro.

  Preservo essas memórias trazendo comigo a inspiração que pessoas anônimas do dia a dia me fazem ter. Compartilhando oralmente suas memórias afetivas, artes e a motivação de estarem ali. Como disseram Marcelo Campos e Amanda Bonan: “Queremos ouvir o Rio dos trens, em vagões onde sempre cabem poetas”.

 Memória também é esquecimento e o que fazemos pra que essas não sejam apagadas?


Imagem 3- Daniel Noé, @danielnoe.jpg

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