Quando a desigualdade corre pelas ruas

Arrastões pela zona sul do Rio de Janeiro – Canal See News

Um grito atravessa a avenida Rio Branco e logo se multiplica. Alguém acabou de ter a carteira batida ou a bolsa roubada. Um adolescente sai correndo na direção contrária. Homens disparam atrás dele. Em poucos minutos, a teia de sons volta ao seu estado corriqueiro: é apenas mais uma tarde no centro do Rio. Dali a pouco, porém, novos gritos. “É o rapa!”. Assovios e vozes que entoam códigos. Correria de vendedores ambulantes, que saem desabalados arrastando suas bolsas e balcões improvisados. A Guarda Municipal está chegando para uma ronda de fiscalização. Há um clima de suspense nos sons que tomam o ar.  

Foto: Angelo Duarte – Fuzileiros navais na orla de Copacabana – Agência Tyba

Mais adiante, o rasgo de freadas bruscas e de carros dando marcha à ré, buscando um retorno na contramão, apressados. O túnel fora fechado por criminosos. Gritos e sirenes, às vezes, tiros. Buzinas. Suspiros de desolação. Domingo, na praia, o tumulto de sons emerge num átimo. Banhistas correm, crianças choram. É mais um arrastão: grupos de jovens correm pelas areias se apoderando de carteiras e celulares. Ao fundo de tudo, na paisagem, o zunido permanente do medo e da perplexidade, atravessando os dias.

Arrastão na praia do Arpoador em 2013.

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