Porto e mar
Faz tanto tempo, tempo é porto da saudade
Praias do Rio de Janeiro no verão
Quero o destino das águas dos oceanos
Porto da Saudade, Alceu Valença
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Como uma cidade atlântica conectada ao mundo por rotas transoceânicas, um dos mais importantes equipamentos do Rio de Janeiro era seu porto. As condições que a Baía de Guanabara oferecia aos navegantes do Oceano Atlântico influenciaram diretamente a escolha do local para a fundação da cidade. Durante o tempo inicial da presença portuguesa no território, funcionou como porto de aguada e abastecimento de gêneros nos caminhos marítimos em direção ao Rio da Prata, mas logo em seguida estabeleceu-se como local de produção e distribuição de alimentos para outras partes do Brasil. No século XVIII, torna-se um porto estratégico, recebendo milhares de africanos escravizados e embarcando a produção de metais preciosos trazidos do interior do país.
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Mas, até finais do século XIX, o porto do Rio se dividia em diversos locais de embarque e desembarque de pessoas e mercadorias, entre os píers de trapiches e os diferentes cais da zona portuária. Como não havia profundidade suficiente para os navios atracarem junto às praias, pequenas embarcações faziam o transporte até a terra firme. Os remadores eram em quase sua totalidade africanos ou seus descendentes diretos, e habilmente conduziam seus barcos até os locais de desembarque, sem deixar de passar antes pela fiscalização da Alfândega.
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A partir de 1890 se iniciam obras de menor porte que foram concluídas no século XX e foi somente no governo Rodrigues Alves (1902-1906), que a reforma ganhou forte impulso, dado o crescimento da atividade de importação pelo porto do Rio de Janeiro. Essas reformas ampliaram a distância entre a praia e o mar da Baía de Guanabara, abriram ruas e derrubaram casas. Outras intervenções urbanísticas foram realizadas na região portuária ao longo dos séculos XX e XXI, com impactos sobre a população local. Rebeliões e protestos mobilizaram a região portuária, como na Revolta da Vacina em 1904, o maior conflito urbano da história da cidade. Trata-se de uma região densamente ocupada, com longa história de vínculo e sentimento de pertencimento de seus habitantes com relação ao porto. São moradores de bairros como Saúde, Gamboa e Santo Cristo, cariocas de diferentes origens voltados para o mar e por ele atingidos.
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