Píer de Ipanema

Era para serem apenas os vestígios das obras de um emissário submarino, que levaria o esgoto dos bairros ricos para serem despejados em alto-mar. Mas, por ironia do acaso, a estrutura de ferro e madeira criada para proteger a tubulação, e que passou a dividir a praia de Ipanema em duas, se converteu num oásis de contracultura, que representou uma das experiências de vanguarda mais marcantes de nossa cidade.

Foto: Fedoca Lima – Píer de Ipanema

Tudo começou em 1971, quando as obras para o emissário mudaram a morfologia do solo e, com isso, também impactaram as ondas, que passaram a atrair cada vez mais surfistas.  Logo, o trecho de areia na altura da rua Teixeira de Melo foi se tornando um point com feições de grande festa hippie, regada a experiências lisérgicas e ao entrosamento de jovens artistas. Ocorre que, além do atrativo das ondas, o trecho de areia transformado em canteiro de obras se tornou terra de ninguém, pouco convidativo a famílias e banhistas mais conservadores. Assim, era o ambiente mais propício para, em tempos de repressão, tornar-se um improvável espaço de liberdade. Um lugar descrito por seus frequentadores como “utópico” e “mágico”, que logo despertou a ira da sociedade. “Desbunde” é uma gíria de época muito usada para descrever o clima de irreverência e de liberdade sexual a penetrar o espírito do lugar.

Fonte: Site Píer de Ipanema

O píer também era conhecido como “dunas do barato” ou “areias da Gal”. Além da cantora, que vivia por ali, as dunas eram frequentadas por gente como Cazuza, Waly Salomão, Jards Macalé, a turma do Asdrubal Trouxe o Trombone, Jorge Mautner e Rose di Primo, a inventora do biquíni cortininha.  Caetano Veloso, de volta do exílio, imortalizou na canção Menino do Rio um de seus frequentadores mais assíduos, o Petit, “muso” daquelas areias.

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