Ecos do pulmão verde

Sons da Floresta da Tijuca

O silvo dos micos atravessa a tarde. Chapes de asas, crepitar de folhas, assovios de aves, a batida da água doce sobre a pedra. Os sons da natureza não ocupam apenas a faixa litorânea do Rio, e sim se espalham pelas extensas áreas verdes que ainda cobrem parte da cidade.

Foto: Américo Vermelho – Quinta da Boa Vista

Talvez seu pedaço mais representativo sejam os quase 4 mil hectares do Parque Nacional da Tijuca – símbolo nacional de preservação da Mata Atlântica –, que equivalem a cerca de 3,5% da área total do município do Rio. Trata-se da maior floresta urbana do mundo, constituída por um rico conjunto de ecossistemas. A unidade de conservação é composta pela Floresta da Tijuca, Serra da Carioca, Pedra Bonita e Pedra da Gávea. Basta atravessar a portaria principal de acesso à floresta, no Alto da Boa Vista, para mergulhar no verde profundo, um ambiente em tudo diferente daquela agitação tão comum aos complexos urbanos.

O relevo de silêncio ao fundo é integrado ao farfalhar das copas das árvores e aos cantos de saíras, rendeiras e tangarás. As quedas d’água de cascatas e grutas tornam a composição ainda mais harmônica.  Do Mirante Dona Marta à Pedra da Gávea, existe um universo de sons e sensações que passam pelo Corcovado, Parque Lage, Cachoeira do Horto, Cascatinha Taunay, Pedra Bonita, Garganta do Céu, entre tantas outras atrações que lembram o lugar imperial da natureza no meio da cidade.

Foto: Américo Vermelho – Vista Chinesa

Sob a trama de flora e fauna exuberante, pulsam os ecos de uma história de disputas e dedicação, que poderia começar com o ruído de troncos sendo derrubados. É que, nos séculos XVII e XVIII, o maciço da Tijuca foi ocupado e devastado pela extração de madeiras e da utilização em monoculturas, especialmente o café, o que gerou sérios problemas ambientais ao Rio. Um deles foi a escassez de água. Por isso, a partir de 1862, Dom Pedro II ordenou o reflorestamento do local, missão que ficou a cargo do major Manuel Gomes Archer, que iniciou o trabalho com seis escravos, alguns feitores, encarregados e assalariados. Em apenas 13 anos, mais de 100 mil árvores foram plantadas, principalmente, espécies da Mata Atlântica. Mais tarde, o barão d’Escragnolle, elaborou um plano de paisagismo, transformando a floresta em um belo e enorme parque, repleto de recantos surpreendentes.

Mas se é verdade que a Floresta da Tijuca, com toda a sua diversidade de fauna e flora, pode muito bem ser considerada o pulmão do Rio de Janeiro, outras áreas verdes menores, como praças e jardins, não deixam de ser fundamentais no arranjo sonoro da paisagem natural carioca.

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