O Largo do Carmo (Praça XV)

No início do século XIX, o Largo do Carmo era o ponto de contato do Rio de Janeiro com o mundo. Ainda que a expansão urbana, desde o século XVIII, tenha atraído atenções para o sul da cidade, a centralidade permaneceu no entorno do largo que, ao longo do tempo, ganhou novas construções e viu sua paisagem se transformar. 

Os novos edifícios ressaltavam as mudanças arquitetônicas pelas quais o Rio passava. Os ares europeus entravam pelo porto junto com os navios que iam e vinham e se espalhavam pelo complexo urbano. 

Alfândega, 1856. Gravura de Pieter Gotfred Bertichen. Coleção Brasiliana Itaú.

A missão artística francesa, que chegou em 1816, logo imprimiu o estilo neoclássico na arquitetura da cidade: em 1820 o  prédio da Praça do Comércio, primeiro projeto do arquiteto Grandjean de Montigny no Rio, foi inaugurado (em 1824 o edifício virou sede da Alfândega) e, na década de 1830, a construção do Hotel Pharoux, com seu famoso restaurante de culinária francesa, deu início a presença de hotéis estrangeiros e de luxo na cidade.

Hotel Pharoux, pintura de Sebastien Auguste Sisson. Coleção MHCRJ – Museu Histórico da Cidade do Rio de Janeiro. Site História do Rio para todos

Dentre as mudanças na paisagem do Largo do Carmo que contribuíram para seu status de centro da vida urbana carioca, estão as reformas no Paço dos Vice-reis que, após a chegada da Corte portuguesa, em 1808, foi promovido a Paço Real e primeira residência de D. João VI no Rio de Janeiro. 

O edifício que abrigou o Paço dos Governadores (1743-1763) e dos Vice-reis (1763-1808), passou por inúmeras modificações para receber a Família Real:  em seu interior, foi construída a Sala do Trono e, no exterior, foi erguido um passadiço que facilitava o trânsito entre as residências reais para unir o Paço ao Convento do Carmo, onde morava a rainha D. Maria I. A varanda da fachada principal tornou-se o grande palco das cerimônias públicas: foi dali, por exemplo, que D. João VI apareceu em público pela primeira vez após sua coroação; que seu filho D. Pedro I declarou sua intenção de ficar no Brasil em janeiro de 1822, no que ficou conhecido como “Dia do Fico”; e que  D. Pedro II foi aclamado imperador (1831). Infelizmente a varanda acabou sendo demolida na segunda metade do século XIX. 

Com a independência do Brasil, em 1822, o prédio se tornou Paço Imperial. Em 1824, o oficial alemão Carl Schlichthorst, registrou suas impressões sobre a construção:

“O Paço Imperial não difere muito dos outros edifícios da cidade. Seu interior não é deslumbrante e há centenas de casas particulares melhor alfaiatadas. Mas sua posição transforma-o num palácio de fadas. Por todos os lados o ar refrescante do mar penetra nos altos aposentos abobadados. A seus pés se estende uma praça limitada por um cais onde durante horas se observa o colorido formigar da multidão”. (Schlichthorst, “O Rio de Janeiro como é”, p. 46)

A admiração do oficial alemão indica a teatralidade do conjunto estabelecido no Largo do Carmo, protagonizado pelo Paço Imperial emoldurado pela presença da natureza.

Paço Imperial, 1856. Gravura de Pieter Gotfred Bertichen. Coleção Brasiliana Itaú.

A proclamação da República, em 1889, retirou do Paço a condição de palco e cenário de grandes decisões e cerimônias públicas, em um exercício de substituir os símbolos da monarquia por outros, de acordo com os ideais da República em construção.

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