O Bar Amendoeira

Quem passa rápido pela rua Conde de Azambuja, altura do número 881, no bairro de Maria da Graça, pode nem perceber que ali se encontra um verdadeiro reduto boêmio da zona norte carioca. Encoberto pelas folhas da frondosa árvore que batiza a casa, em uma esquina emoldurada pela paisagem suburbana, está um ponto de encontro tradicional, um típico exemplo da tradição gastronômica do subúrbio: para os amantes da boa gastronomia: o Bar Amendoeira.

Mesmo estando apenas a poucos metros dos modernos shoppings Nova América e Norte Shopping e suas grandes praças de alimentação que em nada lembram o charme do bar azul e branco, a impressão dos que conhecem e frequentam o Bar Amendoeira é que basta entrar e pedir algo para sentir que o tempo parece ter parado nos anos 1960 — ao menos a chopeira artesanal ainda é a mesma. Sua estrutura interna contribui para esse panorama aconchegante, cercado por meias paredes de cobogós originais, criando um mosaico amarelo e preto, adornados pelo revestimento de azulejos azuis das paredes e vasos amarelos de plantas. O ambiente é todo integrado por um extenso balcão, com detalhes de decoração simples e marcante, que parecem abraçar a freguesia.

O tradicional Bar Amendoeira. Imagem do site http://www.cariocandoporai.com.br/2013/08/bar-amendoeira-rio-de-janeiro.html

Inaugurado em 1962 pelo veterinário Augusto Vaz, o Amendoeira nasceu “Bar Lisbela”. Foi se tornando referência, mantendo desde então seu público cativo, que bate ponto de segunda a sábado atrás dos ótimos pitéus. Como um bom boteco suburbano, se a pretensão do frequentador era apenas tomar um chopp, os encontros inesperados com um, dois ou mais conhecidos mudam a rota — e o tamanho da conta fica proporcional às histórias que rolam soltas dessas trombadas fortuitas. Carro chefe do local, o bolinho de carne faz par com os pastéis sequinhos, a porção de pernil suculenta e a moela à moda da casa. Aos que preferem mais sustância podem optar por uma bela feijoada ou o farto angu à baiana.

A imponente árvore que toma conta da entrada do bar e restaurante convida os clientes a desfrutarem de irresistíveis quitutes ao abrigo de sua generosa sombra. Não por acaso, percebe-se logo que ele é um dos lugares preferidos dos moradores de Maria da Graça, assim como, de Del Castilho, Méier, Cachambi e dos arredores também.

O mosaico de cobogós, remetendo a uma tradicional estética suburbana. Imagem do site http://avidanumagoa.blogspot.com/2015/07/maria-da-graca-para-alem-da-amendoeira.html

Referência da comensalidade dos subúrbios, o estabelecimento foi eleito em 2012 como Patrimônio Cultural do Rio, pela Prefeitura, por traduzir o espírito carioca de comemorar a vida. O bar e suas delícias são um verdadeiro oásis em meio às fábricas e à linha do metrô, que fazem parte da paisagem urbana do bairro. Mantendo a velha e boa tradição do balcão com os quitutes à mostra, o recanto da Amendoeira segue resistindo ao longo dos tempos.

A tradição carioca de frequentar botequins é vivida literalmente no cotidiano suburbano e a lista de bares famosos é gigantesca. Além do Bar Amendoeira há o Codorna do Feio, Manoel & Juaquim, Cachambeer, Bar do Papa, Choppinho da Abolição, Bode Cheiroso, Gato de Botas, entre muitos outros que preservam com orgulho essa herança cultural da zona norte à oeste da cidade.

O icônico balcão e a estufa de quitutes: marca registrada dos tradicionais bares suburbanos. Imagem do site https://carioquice.insightnet.com.br/amendoeira-de-maria-da-graca/

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