EM 25 de Abril
A Escola Municipal 25 de Abril fica localizada na Freguesia, na rua Mamoré, número 78, em Jacarepaguá, zona oeste da cidade. Foi fundada em 15 de fevereiro de 1971 com o nome “Colégio Estadual Antônio de Oliveira Salazar”. É importante saber que Salazar foi um ditador português que governou o seu país por décadas e que também mantinha países africanos sob seu controle. Ele abusava do poder que tinha, impunha ordens autoritárias e agia com repressão.
Nos anos de 1970, o Brasil também vivia uma ditadura civil-militar e a nossa escola também homenageava um governo similar através de sua nomeação. Na nossa opinião, isso é descomunal porque escola deve ser lugar de aprendizagem. A partir do momento em que uma instituição educacional traz em seu nome uma figura ditadora, isso influencia outros lugares a repetirem essa reverência e a visão desses estudantes e familiares.
Em 17 de janeiro de 1984, com a lei n° 505 do vereador Luiz Henrique Lima, o nome da escola foi modificado para “Escola Municipal 25 de Abril”. O novo nome rendeu homenagens à Revolução dos Cravos que pôs fim à ditadura em Portugal. Essa mudança foi muito simbólica porque nos ensina a não enaltecer figuras autoritárias como essa.

Antiga transparência usada em retroprojetor encontrada na escola.

Disponível em: <https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/284241/lei-505-84>. Acesso em 27/10/2025.
Carinhosamente, os estudantes da “25” são chamados de cravinhos. E por falar em estudantes, é preciso contar sobre o histórico da visão das pessoas sobre a escola. Durante muito tempo, a unidade escolar era alvo de preconceitos: havia muita briga, boatos sobre uso de drogas e comportamentos inadequados. Tudo isso fazia com que as famílias tivessem medo de matricular seus filhos aqui. Os alunos e alunas acabavam nutrindo um sentimento de medo ao estudar aqui.
Com o passar do tempo, estudantes e professores contribuíram para que essa visão mudasse. Em alguns momentos, policiais faziam ronda nas imediações do bairro e palestras sobre temas como cyberbullying e violências no ambiente escolar. O regimento escolar passou a ser aplicado. Na nossa opinião, isso ajudou e aos poucos a mentalidade e comportamento dos alunos e alunas foram mudando. Hoje, consideramos que o ambiente escolar está muito mais saudável.

“Só dos de fé” (Kaylane Beca, Diego Nascimento, Maria Esther Nascimento, João Gabriel de Souza Barbosa, Emanuelle Marques)
Nossa escola atende um público que vem das periferias ao redor do bairro da Freguesia, como Gardênia Azul, Anil, Cidade de Deus, Tirol e Rio das Pedras. Por isso, a grande maioria usa o transporte público para se deslocar. Muitos estudantes reclamam do serviço utilizado. Os motoristas não deixam os alunos entrarem por trás e às vezes não param quando fazem sinal para entrar. Sobre esse tema, o aluno Daniel Ezequiel do Nascimento, da turma 1903, escreveu os seguintes versos:
Foi num dia como qualquer outro
Estava eu indo para a escola de novo
(…)
A cada tempo que passava eu não via a hora de acabar
Mas ficava triste em saber que de manhã iria ter que acordar
Em pensar que eu ia ter que pegar ônibus lotado
Já não via a hora de chegar o próximo feriado.
Entendemos que os motoristas merecem respeito e que maioria dos estudantes os tratam da devida forma. Porém, alguns não abrem a porta para que os alunos e alunas embarquem e isso dificulta bastante.
A nossa escola é vista como uma espécie de segunda casa por alguns alunos, mesmo que outros a achem chata. Segundo o aluno Ryan Yan, da turma 1904, muitos gostam de compartilhar sobre a sua vida com os professores e direção até mais do que com a família. Isso é se sentir seguro, de alguma forma, e de ser ouvido. Os laços de amizade são muito fortes. Há gente que se conhece desde o Ensino Fundamental I e que aqui na “25” essa conexão se fortificou. Compartilham momentos da vida, passam pelos mesmos perrengues, almoçam, passam o recreio e estudam juntos. Isso ensina a criar laços e isso é importante nos dias de hoje em que o celular virou o foco e as amizades ao redor são menos vistas.
Aprendemos a conhecer outras pessoas, tanto aquelas diferentes de nós, como as que se parecem. A aluna Maria Eduarda de Oliveira, da turma 1901, comenta que passa mais tempo na escola do que em casa. Ela diz que a escola a ajuda a saber o que “ser quando crescer”. Mesmo que ela ainda não saiba o que quer ser, ela tem diz que tem vários caminhos, várias opções, como por exemplo ser professora dos Anos Iniciais ou de Matemática, advogada ou chefe de cozinha.
Aquilo que aprendemos na escola é levado para a vida: as amizades, os conteúdos das disciplinas e as lições do passado que nos fazem amadurecer para não repetir os erros. A escola pode ajudar a termos um futuro melhor, mais capacidade de aprendizado e a sermos uma pessoa digna: um ser humano de respeito, que não precisa diminuir o outro para se sentir melhor e que tem um bom coração. Devemos utilizar o nosso tempo para a interação social e menos para as telas e isso na escola é ensinado.

“Amizade é tudo” (Bernardo, Ryan, Henrique, Fabrício e Miguel)
Dentre todos os locais que mais gostamos da escola estão o refeitório, a sala de leitura e a quadra. O refeitório é o local onde tem amor envolvido, pois as tias preparam a comida para os alunos. Para Julia Adrielly, da turma 1803, o dia preferido é quando tem carne com farofa e fígado acebolado. A fila para comer é enorme e cerca de 500 pratos são servidos no almoço. Há três refeições por dia: café da manhã, almoço e lanche da tarde, isto porque nossa escola funciona em turno integral desde 2024.

Refeitório: um lugar mágico e com comida boa (Allana, Carine, Esther e Laís)
Outro cantinho especial é a sala de leitura. Sobre ela, o ex aluno Eduardo Correia De Oliveira, que se mudou para a Paraíba durante o ano letivo de 2025, disse o seguinte:
A sala de leitura vai muito além de um espaço para incentivar os alunos a mergulharem nos livros, ela se torna um refúgio, um abrigo silencioso para aqueles que buscam um canto só seu. Ali, palavras e risadas transformam dias cinzentos em momentos de luz, e pessoas simples fazem da rotina algo mais leve, mais humano. Para mim, esse lugar se tornou afetuoso, quase sagrado, onde pude me encontrar em meio às páginas e histórias, descobrindo que não há solidão quando se tem livros como companhia. Sempre fui apaixonado por leitura, e desde o primeiro instante em que pisei ali, fui envolvido por sua magia. Aprendi que a sala de leitura é mais do que paredes e estantes, é um porto seguro, onde sempre há alguém ou algo para caminhar ao nosso lado, seja um livro ou uma presença que aquece o coração.
Dentre os livros que Eduardo pegava emprestado, estavam os de poesia, seus prediletos. Assim como ele, não é raro alguns “cravinhos” voltarem para a terra natal de suas famílias ao longo do ano. Prestamos aqui essa singela homenagem aos que passaram por nossa escola: vocês fazem falta!

“A leitura une os outros” (Fábio, Robson e Kevin)
Nossa escola tem alunos venezuelanos, como a Jhoannelis Del Valle, da turma 1903. Ela estuda aqui desde 2023 e chegou ao Brasil com sua família há mais de 5 anos. Ela diz que a escola é um lugar de desenvolvimento e preparação para um futuro incerto. Ela não se recorda das escolas venezuelanas, mas acha que na “25” tem inclusão. Ela diz que aqui tem amizades que gostam dela para além dela ser estrangeira ou falar outro idioma, mas sim pelo o que ela é. Jhoannelis tem irmãos que já passararam pela escola.
Por fim, a quadra também foi lembrada como um lugar afetivo. Para Yasmin Silva, da turma 1903, a quadra é um lugar onde todos podem jogar, se divertir , fazer esportes, estar perto dos amigos e se sentir bem. Na escola, há vários campeonatos como de tênis de mesa, xadrez, atletismo e vôlei. Yasmin participou do campeonato de vôlei em 2025 e a sua experiência foi muito boa. Os estudantes conheceram outros praticantes do esporte de diversas escolas e puderam ver seu desempenho.

“A relíquia do Carioca” (Luiz Miguel, Weverton, Jonathan, Gabriel, Kaique, Bryan, Fabiano)
Davi Biserra, também do 9° ano, conclui que a quadra é um lugar bom onde se aprende várias categorias de esporte. Ele aprendeu no ano passado futsal e o vôlei. Para ele, a experiência foi muito boa. Por conta dessa vivência positiva, ele deseja fazer faculdade de Educação Física. Davi ressalta que a boa convivência com os professores em sala e as conversas sobre os jogos de futebol são prazerosas. Cita que o professor Marcus (de História) é tricolor e sempre acontece aquela zoação quando seus times perdem os jogos.
Atravessando décadas, desafios e complexidades, a escola pública segue sendo um lugar de muitas possibilidades, crescimento e formação humana. Muitas mudanças estão em curso na nossa escola, a exemplo da inauguração do colaboratório e reforma na quadra. Perguntamos para alguns alunos o que eles desejam para o futuro da escola. Pietra Rodrigues, da turma 1903, diz que quer a evolução da escola, o quadro completo de professores e que todos os estudantes sempre respeitem os docentes. Carolaine Conrado, sua colega de turma, deseja que a equipe de profissionais da cozinha se mantenha por aqui, pois elas cozinham muito bem e interagem com os alunos dentro e fora do refeitório.

“Nossas cozinheiras dedicadas!” Queremos que muitos responsáveis possam matricular seus filhos aqui porque a nossa escola tem tudo para ser a melhor escola da 7ª CRE!
*Os estudantes que aparecem nas fotografias são da turma Projeto Carioca. Eles foram convidados para uma aula com a professora Evelyn Lucena na qual tinham que criar um registro e legendas, a partir de seus olhares, para os seguintes temas: fachada da escola, quadra, refeitório, amizade e sala de leitura.
