Circuito das Casas-Tela: museu de favela

Autores: Diogo de Azevedo (Joe), Elizabete Pereira (Liz)
Turma: 214

O Circuito Casas-Tela – Caminhos de Vida do Museu de Favela foi visitado por alguns professores e alunos da FAETEC Ipanema no dia 02 de outubro de 2024. Coube a nós (Diogo Azevedo e Elizabete Pereira) desenvolver este trabalho sobre essa maravilhosa experiência turística.

Diogo, homem de 40 anos, morador da Baixada Fluminense.

Elizabete, 35 anos, mulher, moradora da comunidade do PPG (Pavão-Pavãozinho e Cantagalo).

Tivemos a oportunidade de imergir na cultura e nos valores do PPG através deste circuito, como relataremos abaixo.

Etnoturismo no Rio de Janeiro

Por se tratar de um Turismo de Base Comunitária, o Museu de Favela Circuito Casas-Tela remete a uma imersão cultural crítica, contrastante com os pontos turísticos tradicionais do Rio de Janeiro. Lá, estamos sujeitos ao meio de vida da comunidade e vivenciamos suas adversidades e costumes.

Em alguns pontos, não é possível tirar fotografias ou realizar filmagens, pois trata-se de uma área dominada por um poder paralelo ao do Estado, o que torna esse tipo de guiamento sujeito às condições pré-estabelecidas pela liderança.

Baile Funk da Espanha, tradicional no Complexo do PPG.

Experiência Viva

Tivemos uma oportunidade maravilhosa de sermos conduzidos pela guia, moradora e uma das fundadoras do Museu de Favela, Márcia Silva, que nos levou a uma imersão cultural dentro da comunidade do PPG. Ali, tivemos a chance de passar a fazer parte da família que existe naquela localidade.

Passamos por ruas, becos, vielas e lajes, e cada morador que cruzava nosso passeio nos saudava com carinho, cordialidade e atenção.

As fachadas das residências da favela serviam como tela para as pinturas. Foi impressionante ouvir os moradores expressarem orgulho e satisfação por fazer parte desse corredor artístico da comunidade. Muitos deles, mesmo precisando realizar obras em suas casas, não abriam mão de preservar as pinturas.

Edificando o Turismo Criativo

Existem diversas formas de explorar o Turismo Criativo no PPG:

Assista à entrevista ao lado e veja a opinião do artista plástico “Béro” sobre este tema.

Bernardo Araújo “Béro” – Artista Plástico do PPG

Favela Sim!

O conceito da palavra “favela” vem de uma vegetação rasteira da caatinga que, no período da Guerra de Canudos, abrigava os soldados nos morros. Com o fim da guerra e a desapropriação das “cabeças de porco” no centro da cidade, as pessoas desabrigadas foram migrando para os morros, aguardando uma “providência” do Estado. Daí surgiu a Favela da Providência.

O termo favela, na comunidade do PPG, está associado a proteção, abrigo e família – valores que eles não abrem mão de ter, assim como o orgulho de ter vencido diversas adversidades para poder usufruir de seus lares.

Durante a visita, minha alegria e satisfação foram imensas. Tanto por fazer parte da atual diretoria e equipe da ONG MUF – Museu de Favela, quanto por também ser nascida, criada e moradora do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo. O passeio da FAETEC pelas Casas-Tela foi uma oportunidade de vivenciar, junto aos meus colegas de turma e corpo docente da FAETEC Ipanema, o trabalho que é realizado pelo MUF há 15 anos, trazendo essa outra perspectiva sobre a história, cultura e vivência dentro de uma favela. Sempre que recebemos visitantes no Circuito Casas-Tela, dividimos nossa história, cultura e saberes dentro de uma perspectiva positiva.

Por meio do conceito da museologia social, é possível valorizar nossas memórias, respeitando a diversidade cultural, fomentando a participação ativa da comunidade e tornando visíveis as memórias silenciadas.

Através dos mecanismos da Museologia Social, o MUF traz à tona tudo aquilo que a comunidade do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo reconhece como significativo para a manutenção, preservação e aprimoramento do seu modo de vida e que faz parte deste atrativo turístico.

Moradora – Aluna – Guia

Demonstrando o que é vivido

A experiência permite também compreender a construção cultural da identidade pessoal e como se geram e reproduzem as desigualdades sociais.

Ali temos, de fato, um turismo de base comunitária, onde, assim como eu, os fundadores ativos são do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo e atuam na favela, trabalhando para que a comunidade continue participando de forma ativa, salvaguardando as memórias e Casas-Tela – e se entendam como ‘acervo’ do MUF.

É um turismo crítico, onde falamos sobre nossa ancestralidade (a história de africanos que foram escravizados, da diáspora africana, de pessoas indígenas que já habitavam o Brasil), empoderando-nos com conhecimento, orgulho e pertencimento.

E um turismo de experiência, onde os visitantes têm a oportunidade de se conectar com suas próprias memórias e fazer parte deste “acervo a céu aberto”, experienciando um turismo de trocas de conhecimentos, vivências e memórias.

Quebrando Paradigmas

Ao término de nossa visita, chegamos à conclusão de quão importantes foram os conhecimentos absorvidos para a quebra de paradigmas, estereótipos e preconceitos sobre a favela. Percebemos a importância vital da manutenção dessa cultura, história, riqueza e patrimônio, que muitas vezes são ignorados e desprezados pela maioria dos cidadãos de nossa cidade.

Como alunos e corpo docente da FAETEC Ipanema, hoje podemos dizer com toda satisfação e honra que fazemos parte do Complexo PPG.

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