Cais do Valongo

O Cais do Valongo é reconhecido como o maior porto de receptação de africanos escravizados do mundo. Estima-se que por ele passaram cerca de 800 mil, podendo chegar a 1 milhão de pessoas escravizadas, durante o tempo em que existiu – de 1774 a 1831.

Desembarque de escravizados no Cais do Valongo. Pintura de Johann Moritz Rugendas, 1835. Enciclopédia Itaú Cultural

Após determinação de 1774, do vice-rei marquês do Lavradio, o antigo porto de desembarque de escravizados da praia do Peixe – atual praça XV – mudou-se para a região do Valongo, que se tornou a mais importante para o tráfico de pessoas escravizadas da cidade. A mudança tinha o intuito de minimizar os incômodos que as elites sentiam por ter, na área mais nobre da cidade, o porto e o mercado de escravizados.

No entorno do novo porto (que até 1811 era apenas uma ponte de madeira por onde os africanos desembarcavam), um verdadeiro complexo voltado a esse comércio se formou: o mercado de escravizados, o lazareto e o cemitério dos Pretos Novos foram transferidos para a região, ocasionando a maior circulação de comerciantes de pessoas escravizadas, mas também a forte presença de africanos e crioulos – como eram chamados os negros nascidos no Brasil – escravizados, livres ou libertos.

Mercado da rua do Valongo – Jean Baptiste Debret, 1835. Wikimedia Commons

Em novembro de 1831, com a assinatura da 1ª lei que proibia o tráfico de escravizados, o Cais do Valongo foi desativado, ainda que o desembarque de africanos tenha continuado em portos mais escondidos. Em 1843, o local foi aterrado pela 1ª vez, para ocasião da chegada da imperatriz Teresa Cristina ao Brasil. A partir de 1904, o então Cais da Imperatriz foi novamente aterrado e virou uma praça, a praça Jornal do Comércio.

Essa prática de, literalmente, enterrar os locais de memória da escravidão, foi adotada pelo Estado brasileiro, a fim de tentar apagar esse que foi um dos maiores crimes contra a humanidade.

Entretanto, com as obras do Porto Maravilha, redescobriu-se o Cais do Valongo e, a partir das reivindicações do Movimento Negro e demais agentes da sociedade civil, em 2011, a região começou a ser escavada, com o objetivo de desenterrar esse passado sobre a escravidão.

Cais da Imperatriz e Cais do Valongo sob a Praça Jornal do Comércio. Foto de Halley Pacheco de Oliveira, 2012 – Wikimedia Commons

Em 2017, a Unesco concedeu o título de patrimônio da humanidade ao espaço que, para a população negra, é lugar de memória e reverência à ancestralidade; e para o restante da população brasileira, é uma lembrança de que há uma dívida histórica do Estado brasileiro com a população negra.

Clique aqui e saiba mais com o projeto “Valongo, cais de ideias”.

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