Aterro do Flamengo

O Aterro do Flamengo é uma das grandes obras de urbanização que transformou o litoral do Rio de Janeiro, especialmente na região da entrada da Baía de Guanabara. Sua criação remonta à década de 1960, quando a cidade, em pleno processo de crescimento populacional e urbanização, enfrentava a necessidade de expandir seus espaços urbanos para o lazer e a moradia das classes média e alta. A área que hoje abriga o Aterro era originalmente uma região de praia, lagunas, brejos e mar, visto, no entanto, como um espaço valioso para a expansão da cidade.

SONY DSC

Aterro do Flamengo e Marina da Glória, avançando sobre as águas da Guanabara

O Aterro do Flamengo modificou significativamente o litoral neste trecho da Baía de Guanabara, especialmente a praia do Flamengo, apoiada entre o Outeiro da Glória e o Morro da Viúva, dois promontórios que se projetavam sobre as águas da Baía. A enseada formada abaixo do Outeiro da Glória acomodava ainda uma laguna de importância histórica: a Lagoa de Uruçu-Mirim que acomodou uma das tabas de maior tamanho que se tem notícia na história carioca. A população de Tupinambá que aí vivia lutou ao lado dos franceses, contra os portugueses, na batalha que fundou a cidade do Rio de Janeiro. A Praia do Flamengo, que originalmente tinha outro formato abriga a foz do Rio Carioca que desce pelo atual Bairro das Laranjeiras, certamente rodeada por manguezais e brejos que foram totalmente aterrados. Sobre ela foram jogadas toneladas de aterro, vindas de cortes e desmontes de morros próximos, além de matérias de dragagem de fundo da própria Baía, criando-se assim uma nova extensão de areia mar adentro. Sobre esse espaço se deu a construção do famoso Parque do Flamengo. Essa modificação se estendeu à praia de Botafogo que também foi aterrada e teve seu arco de praia artificializado algumas centenas de metros a frente sobre o mar. O aterro permitiu o ganho de terras e a construção de novas áreas urbanas, incluindo avenidas e o Parque, mas também resultou na modificação do perfil natural dessas praias, alterando sua geografia original e afetando a dinâmica costeira da região

Paisagismo de Burle Marx nos jardins do Aterro do Flamengo

O aterro vem responder ao aumento das atividades industriais e comerciais na região da baía e a crescente pressão por novos espaços urbanos, de uma classe média e alta que se capitalizava. Decidiu-se aterrar uma parte da costa, criando um novo espaço que não apenas atenderia às necessidades de lazer da população, mas também possibilitaria a construção de avenidas e áreas residenciais. O processo de aterro teve início em 1964, durante o governo de Castelo Branco, e foi executado principalmente pelo governo federal, com a colaboração da Prefeitura do Rio de Janeiro. A obra consistia basicamente em ganhar terra sobre o mar, utilizando grandes volumes de terra e materiais dragados do fundo da baía. 

Espaços bucólicos no Parque do Flamengo

O Aterro do Flamengo foi planejado como um grande parque urbano, idealizado para ser um dos maiores e mais importantes do Rio de Janeiro, acomodando áreas de lazer e instalações públicas, das quais se destacam o Monumento aos mortos da Segunda Guerra Mundial e o Museu de Arte Moderna (MAM) .Com projeto paisagístico de Roberto Burle Marx, o Aterro abriga diversas atrações culturais e de lazer, encostando a Marina da Glória, áreas para esportes, como quadras de futebol, tênis, vôlei e basquete, além de pistas de aeromodelismo e modelismo naval. O paisagismo pensado sobre o desenho do Arquiteto Paisagista se tornou famoso e glorificou a obra, gerando um destaque internacional e uma beleza cênica, de fato, imponente e de estilo próprio. Apesar do impacto paisagístico, o impacto ecológico do aterro foi significativo. A área ocupada por pântanos, manguezais, lagunas e praias, essenciais para a fauna marinha e para a proteção das zonas costeiras, foi completamente modificada. A mudança na dinâmica natural da baía afetou a circulação das águas e os ecossistemas locais, comprometendo a fauna e flora que ali habitavam, porém essa ainda é a dinâmica do espaço urbano e de nossa forma de habitar. A transformação resultou, em uma grande área que tem grande serventia a população carioca e de turistas que se encantam com a beleza cênica da enseada que é emoldurada ao fundo pela península do Pão de Açucar e Morro da Urca, transformando-se um dos cartões postais mais difundidos pelo mundo. Além disso, as novas avenidas que ligaram a região do Flamengo ao Centro e à Zona Sul, promoveram imensa melhoria a circulação viária na cidade.

Pistas de vias expressas privilegiando o transporte rodoviário no Aterro do Flamengo

A obra não apenas expandiu a cidade, mas também redefiniu a paisagem urbana do Rio de Janeiro. O Aterro do Flamengo tornou-se um símbolo da modernização da cidade, com seu vasto parque e suas importantes vias de tráfego. O aterro transformou-se em um dos pontos de lazer e cultura mais visitados da cidade, sendo um marco no processo de urbanização e no desenvolvimento do Rio de Janeiro. No entanto, é impossível dissociar o impacto ambiental significativo que essa transformação causou na Baía de Guanabara, cuja dinâmica e biodiversidade foram profundamente alteradas.

Sobre o mar o Aterro do Flamengo aproxima-se da paisagem do Pão de Açúcar

Patrocínios

Parceiros

Realização

Pular para o conteúdo