Afro Games na Maré

Alunos: Caroline Ferreira, Kauã Oliveira Sousa e Karen Katelhy

Os alunos realizaram um trabalho sobre a AfroGames, um projeto inovador que promove a inclusão de jovens das favelas e periferias no universo dos eSports, da tecnologia e da cultura digital. A iniciativa, que articula educação, formação profissional e lazer, tem transformado vidas ao oferecer novas perspectivas em áreas tradicionalmente inacessíveis para muitos desses jovens. No trabalho, os alunos entrevistaram integrantes do projeto, que compartilharam suas experiências, aprendizados e os impactos da Afro Games em suas trajetórias pessoais. Confira abaixo:

A Afro-Games é uma iniciativa social e educacional que tem como objetivo promover a inclusão
de jovens das favelas e periferias no universo dos esportes eletrônicos (eSportes), da tecnologia e da
cultura digital. Criado no Rio de Janeiro, o projeto oferece formação gratuita em áreas como
programação, inglês e treinamento em jogos competitivos, como League of Legends e Valorant.

Em 2017, José Júnior, presidente da AfroReggae, procurou Ricardo Chantilly (empresário da
indústria musical) para fazer um projeto musical, mas Ricardo deu a ideia ao Júnior na área de jogos,
pois viu o quanto este mercado estava crescendo. E também, uma coisa que o Júnior havia notado é
que não havia negros em grande destaque no mundo dos jogos, seja em desenvolvimento ou na
parte competitiva, então, com isso, Junior e Chantilly idealizaram o projeto para que jovens das favelas cariocas pudessem ter acesso a este ramo. Em 2019, o projeto se concretizou, surgindo a Afro-Games em
Vigário Geral (2019), Nova Holanda (2022), Morro do Timbau (2022), Vila do João (2022), Morro do
Estado – Niterói (2023) e Morro do Cantagalo (2023).


“[…] Se a gente não tem sequer 25% de jogadores negros na elite dos jogos (Free Fire,
Valorant e tudo), a gente está com algum erro e a gente precisa corrigir esse erro, para dar
oportunidade para aquele que precisa da oportunidade. […] Quando a gente dá mais acesso a
essas pessoas, normalmente o nível do game se eleva.”, Luca Alves, atual coordenador da Afro-Games disse em uma curta entrevista no Instagram para a liga esportiva LBEE (@lbeegg).

Algo bom para toda a equipe da Afro-Games aconteceu em 2022, quando foram finalistas e
ganharam um grande destaque no CCXP Awards, na categoria “Melhor Organização”. Apesar de não
ter ganho, ser um dos finalistas já mostra a potência que tem este projeto carioca (CCXP Awards é
um evento que premia várias vertentes da indústria de entretenimento da cultura pop e geek no
Brasil, em São Paulo).

A Afro-Games promove a Game Jam anualmente, que é uma competição de quem ou qual equipe
produz um jogo num curto período de tempo e a pessoa ou grupo que ganhar em terceiro, segundo e
primeiro lugar, receberá um prêmio selecionado pela organização do evento.


Uma curta entrevista foi feita com João, de 19 anos, e com Beatriz, de 23 anos. Ambos cursam
inglês, design de jogos e desenvolvimento de jogos na unidade da Nova Holanda.

Kauã: Como foi todo o processo e experiência da Game Jam que vocês tiveram no ano passado
(em 2024)?

Beatriz: Foi uma experiência incrível! Durante três semanas eu e minha dupla nos empenhamos em
produzir um jogo que fosse divertido e encaixasse no tema da Game Jam, que era Cidadania
Planetária. Com isso, criamos Gaia, um jogo em que você deve fortalecer uma árvore
mágica e protegê-la das ameaças que surgem durante a noite!

João: Foi uma experiência muito incrível, mesmo não tendo ganhado, porque senão, seria melhor
ainda […] Mas foi uma experiência incrível, foi o primeiro jogo completinho, bonitinho que eu
entreguei. […] Era um mês pra produzir o jogo, tinha umas pequenas falhas, depois foram
consertadas, mas foi uma experiência muito boa, fiz amizade com uma pessoa que eu não
falava muito no curso, a gente fez o jogo, conversamos muito e, hoje em dia, a gente é amigo
pra caramba.

João criou o jogo Junin Contra o Lixo do Mundo, para a Game Jam.

A AfroGameJAM de 2024, teve os seguintes colocados: equipe Gato-Frio com o jogo Gaia em 1°
lugar (liderada pela Beatriz), Team Hero com o jogo Earth Defenders em 2° lugar (liderado pelo
Marcos Vinicius) e equipe Amaruki com o jogo The Amaruki Saga em 3° lugar (liderada pelo
Onivaldo Pereira).

Continuei a perguntar aos dois como eles se vêem daqui a alguns anos no ramo de jogos.

Kauã: Como vocês se vêem na indústria de jogos?

João: Eu me vejo fazendo jogos bons que agradem o público. […] a gente fez o Cumbuca Labs,
que é um projeto da gente, por fora da Afro-Games, pra gente produzir os nossos jogos e até
divulgar eles futuramente.

Beatriz: Espero conseguir estabelecer o Cumbuca Labs como um estúdio completo, com mais jogos
produzidos e criar a nossa marca nessa indústria, participando de ainda mais competições e
nos empenhando como equipe para melhorar nossas habilidades na área!

Fiz a última pergunta aos entrevistados.

Kauã: O quão gratos vocês são pela Afro-Games e toda a equipe por ter proporcionado este curso
para vocês?

João: Eu sou muito grato a Afro-Games, pelo simples fato de eles terem disponibilizado
equipamentos bons para a gente ter usado no desenvolvimento de jogos e até algumas
áreas de design, como, mesas digitalizadoras […] E simplesmente foi um curso que eu
sempre quis fazer, mas não tive condições de pagar um curso e surgiu a AfroGames assim
na minha frente falando: “aqui, cara, o curso que você quer fazer totalmente de graça, com
os equipamentos onde os profissionais mexem também”. Isso pra mim foi muito bom, sou
muito grato!

Beatriz: Com certeza! Apesar de sempre gostar de jogos, nunca vi essa área como uma possibilidade
de carreira até entrar na Afro-Games! Me sinto realizada de poder produzir jogos e colher os
frutos deles, além de conhecer pessoas talentosas e com sonhos parecidos com as quais
posso trocar ideia’ e compartilhar conhecimento. Nada disso seria possível sem o núcleo da
Afro, então sou extremamente grata pelo espaço que eles disponibilizam para nós.

A Afro-Games não é somente curso, é uma oportunidade e uma iniciativa que floresce a cabeça
dos jovens para a indústria de jogos. E também, é incrível saber o quão importante é saber que há
este projeto, pois não havia nenhum outro antes de seu surgimento para levar as crianças,
adolescentes e jovens-adultos ao protagonismo no Brasil em jogos eletrônicos.
Afro-Games é um exemplo de transformação social, demonstrando que jovens das favelas também
podem protagonizar e inovar no cenário dos games e da tecnologia deste país.

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