A corte e a cidade

Após as iniciativas de diferentes vice-reis, a presença da Missão Artística Francesa consolidou o pensamento sobre a urbanidade da cidade. A vinda da Corte Real para o Brasil promoveu aceleradas mudanças para remodelar o Rio e transformar a cidade na “Nova Lisboa”, sede do novo Reino Unido. A chegada dos artistas franceses, em 1816, introduziu o estilo neoclássico francês e promoveu reformulações urbanas na tentativa de aproximar a cidade dos padrões europeus. Estima-se que durante os 13 anos em que D. João VI viveu no Brasil, o número de habitantes dobrou de 50/60 mil para 120 mil habitantes, pessoas que vinham de outras regiões do Brasil e do mundo para viver na nova metrópole que se erguia.  Em 1822, após o retorno de D. João VI para Portugal e reveladas as pretensões dos liberais portugueses de colocar em curso a recolonização, a elite política brasileira pressionou D. Pedro I, que optou por libertar o Brasil de Portugal. Assim, a cidade do Rio de Janeiro se transformou em capital do novo Império.

Cerimônia de coroação de D. Pedro I, imperador do Brasil, em 1º de dezembro de 1822. Jean-Baptiste Debret, 1839. Acervo da Pinacoteca de São Paulo – Coleção Brasiliana

A economia do café despontava como protagonista das exportações ao longo do século XIX, contribuindo para uma nova fase de expansão econômica.  A cidade em transformação passou a atrair cada vez mais o capital estrangeiro que, aplicado em áreas do setor público – esgoto, gás, transportes – por via de concessões do Estado, contribuiu para o desenvolvimento da malha urbana.

O processo de  aristocratização do espaço urbano iniciado para receber a família Real consistia, entre outras coisas, na construção de edifícios públicos e administrativos para o novo Governo, planejados ao redor de praças – seguindo o estilo francês. Esse processo foi intensificado no período pós-independência. 

Nesse contexto, o número de habitantes da Corte já excedia a oferta de moradia e, entre epidemias e crises habitacionais, a população vivia apertada no centro da Cidade Velha. O sucesso da economia do café também atraía pessoas de outras regiões do Brasil e do mundo, fomentando o contraste populacional da cidade que, em sua maioria, era composta por uma população negra (entre escravizados, livres e libertos), demonstrando que ao mesmo tempo em que a cidade passava por processos de modernização e “civilização”, ela mantinha as práticas ligadas ao atraso, como a manutenção da escravidão.  A paisagem era a de uma cidade dividida, na qual cresciam as sementes do racismo e da exclusão.

A despeito de toda a modernização, a instituição da escravidão foi mantida até o fim do século XIX. Mercado da Rua do Valongo, por Jean Baptiste Debret, 1835. Acervo Biblioteca Nacional.

O crescimento populacional da Corte fez com que as elites habitassem o mesmo espaço que as classes pobres, diferenciando sua moradia apenas pela forma e aparência. Essa proximidade incomodava a burguesia, que traçava seus próprios projetos de ordenamento do espaço urbano e, desta vez, pensando não só na aristocratização, mas também na segmentação dos locais destinados às classes pobres e nobres. Principalmente a partir da segunda metade do século XIX, as áreas ao sul da cidade passaram a ser cada vez mais habitadas por membros das elites e da nobreza, que procuravam viver fora do apertado centro urbano da Cidade Velha. Também contribuiu para a expansão da região sul a implantação dos transportes a partir de 1870, como os bondes puxados por burros. 

No início do século XX o bonde puxado por burro ainda podia ser visto. Nesta imagem vemos parte do bairro de Ipanema – ainda pouco habitado – por volta de 1900.
“Bonde nas proximidades da pedra do Arpoador”. Foto de José Baptista Barreira Vianna – IMS.

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