Maciço da Tijuca

As vertentes do Maciço da Tijuca conectam-se às baixadas que acomodam os bairros das zonas Sul, Norte e Oeste. Esse grande corpo montanhoso é margeado por diversas ocupações humanas que se distribuem tanto nas planícies adjacentes quanto nas encostas, inclusive em trechos bastante inclinados.

O Maciço da Tijuca abriga elevações que ultrapassam em média os 500 metros de altitude, com destaque para o Pico da Tijuca, que alcança 1.021 metros, sendo o ponto mais elevado da formação. As chuvas que incidem sobre o maciço alimentam diferentes bacias hidrográficas, cujos cursos d’água descem em direção às baixadas de Jacarepaguá, das Baías de Guanabara e Sepetiba e para as estreitas planícies litorâneas da Zona Sul.

Pico da Tijuca, pedra do Conde e Serra da Carioca
 Conjunto central do Maciço da Tijuca, com o Pico da Tijuca ao centro, Bico do Papagaio à esquerda e Pedra do Conde à direita.
Pico da Tijuca em primeiro plano com o Centro do rio ao fundo, à beira da entrada da Baía de Guanabara.

A conformação do relevo revela alinhamentos serranos marcantes, geralmente orientados no sentido nordeste-sudoeste, como a Serra da Carioca, com altitudes médias em torno de 700 metros, ou mesmo o alinhamento central, onde estão os picos mais altos, acima de 900m e a Serra dos Pretos Forros, mais ao norte e rebaixada em altitude. Essa direção acompanha as estruturas geológicas profundas do terreno, que também orientam os padrões de drenagem dos rios que descem do maciço. No alinhamento mais marcante, duas importantes bacias hidrográficas se destacam: a do rio Maracanã e a do rio Cachoeira, cujos leitos seguem encaixados nos lineamentos estruturais de falhas geológicas. Devido às fortes inclinações presentes em várias encostas, as vertentes do maciço são altamente suscetíveis a processos erosivos e movimentos de massa.

Bico do Papagaio com seus escarpamentos e “agulhas” esculpidas pela erosão nos planos de fratura do Granito. No segundo plano a Pedra do Conde e o último alinhamento da Serra da Carioca, onde se instalaram as antenas de comunicação.
“Agulhas e farpas” no corpo do Bico do Papagaio, dentro do PNT

Assim, o Maciço da Tijuca se impõe como um grande divisor na paisagem carioca, articulando diferentes compartimentos da cidade ao mesmo tempo em que os separa. Jazem nele um substrato gnáissico-granítico, que sustenta as altitudes dos seus picos e dá suporte à exuberante Mata Atlântica em meio ao tecido urbano, conservando um remanescente florestal que atua como regulador climático essencial para a metrópole.

Por sua importância paisagística e ambiental, as florestas no Maciço da Tijuca foram protegidas desde o tempo do Império, passando a ser um local de visitação e contemplação, hoje sob a gestão do ICMBio com o Parque Nacional da Tijuca.

Entre seus picos, destacam-se formas que não apenas marcam o relevo, mas também a identidade cultural e visual do Rio. O Pico da Tijuca, com seus 1.021 metros de altitude, é o ponto culminante do maciço e oferece uma visão panorâmica que atravessa vales, baías e serras distantes. A sudoeste do Pico da Tijuca, ergue-se o Bico do Papagaio, com aproximadamente 989 metros, cuja silhueta se projeta com singularidade no horizonte. A nordeste dali o Pico do Perdido, com cerca de 440 metros, destaca-se como um dos mais belos pães de açúcar da Zona Norte.

O Pico do Perdido, também chamado Pico do Grajaú, por se situar nesse bairro, é um imponente pão de açúcar, dividindo a área florestal da Reserva do Grajaú, dos bairros densamente

Paredão Rochoso do Pico do Perdido, Grajaú.

Em direção à Zona Sul, o escarpamento do maciço, resultante das falhas da abertura oceânica, expõe significativos paredões rochosos e picos icônicos da paisagem carioca. Do Pão de Açúcar, símbolo da cidade ao Morro do Corcovado, com 710 metros, marcado pela presença do monumento ao Cristo Redentor, que transforma o relevo em símbolo espiritual e turístico, esse alinhamento, que se alonga paralelamente à orla, guarda ainda outros cumes como o Morro dos Cabritos, Morro Dois Irmãos e as Pedras da Gávea e Bonita. 

Morro Dois Irmãos é um cartão postal da cidade, compondo um maciço semi-isolado por uma falha geológica, que se alinha de São Conrado à Praia de Botafogo, onde a Rocinha e a Estrada Lagoa-Barra, se instalaram. Enquanto a separação entre o Irmão Maior e o Irmão Menor se dá pela erosão no plano de fratura que os separam.

Oferecendo não apenas vistas privilegiadas, essas montanhas são uma plataforma natural para esportes como o voo livre, trilhas e escaladas. As dimensões simbólicas também compõem essas paisagens, gerando apropriações místicas, como aquela sobreposta à Pedra da Gávea, onde um misto de lenda, geologia e história garantem o fluxo de admiradores de sua exuberância.

 Pedra da Gávea, com seu topo plano, em seu conjunto com Pedra Bonita e Pico da Agulinha.
Famosa “Carrasqueira” na trilha de subida da Pedra da Gávea, coa toda a extensão da Praia da Barra da Tijuca, planície da baixada do Itanhangá e Pedra do Itanhangá no segundo plano e baixada de Jacarepaguá e Maciço da Pedra Branca, contornando o último plano da foto.

Todos esses picos são emblemáticos e lindos e continuam vivos, em movimento, sob plena dinâmica da evolução geomorfológica. Entrecortados por encostas íngremes e escarpadas e com drenagens encaixadas que descem velozmente em direção às zonas urbanas, suas respostas evolutivas vêm em forma de deslizamentos sob as fortes chuvas de nosso clima tropical. Perceber a paisagem como um organismo vivo nos convida a repensar nossa relação com o território.

Pedra Bonita e Pico da Agulinha, vistos da trilha da Pedra da Gávea

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