Dos lampiões a óleo de baleia do Rio colonial até a iluminação a gás implantada em meados do século XIX – sistema esse que perdurou até 1933 em algumas ruas dos subúrbios – foram muitas transformações. Após obter a concessão dos serviços de iluminação pública, quando as primeiras lâmpadas já haviam sido aperfeiçoadas, a Light tratou de investir na geração de energia elétrica, na rede de distribuição, na fabricação e importação de postes e luminárias. Em 1906 a avenida Central (atual Rio Branco) foi inaugurada e seu projeto luminotécnico foi desenvolvido e implantado pela Light. A avenida Beira Mar e Praia de Botafogo logo também receberam a iluminação elétrica. E para a Exposição Nacional de 1908, foram instalados cabos subterrâneos entre a Praia de Botafogo e a Praia Vermelha. Já em 1910, a rede da Light estendia-se da Zona Sul até Cascadura. A partir de 1920, a fundição das oficinas de Vila Isabel passou a fabricar os postes ornamentais de ferro da Light. Foi nesse período que a iluminação pública a gás começou a ser substituída em diversos espaços públicos da cidade. Estes são alguns modelos de postes e luminárias instalados no Rio de Janeiro.
No detalhe da imagem anterior, ao fundo e à direita, o morro do Outeiro e a atual paróquia de São José e Nossa Senhora das Dores. Ao fundo, o imponente maciço da Tijuca. Hoje, esta igreja localizada à rua Barão de Mesquita 763, no Andaraí, tem outra aparência, pois foi ampliada; expandiu-se para os lados e teve a fachada remodelada.
Nesta fotografia, além do poste ostentando belas luminárias, vê-se na calçada – que ainda não estava revestida de pedras portuguesas – duas tampas de ferro fundido, referentes a distintos serviços da Light que já se valiam dos subterrâneos da cidade.
Aqui, fotografia da Ponte dos Marinheiros com postes e luminárias distintas em cada extremidade; à direita e ao fundo, vê-se uma sucessão de postes muito altos e esguios, para transmissão de cabos telefônicos. Esta ponte, hoje escondida na Praça da Bandeira, onde passam os viadutos dos Marinheiros e dos Pracinhas e originalmente construída quando aquela região era um extenso pântano, foi renovada no início do século XIX integrando a via que visava facilitar a passagem da comitiva imperial entre o palácio residencial da Quinta da Boa Vista e o Paço Imperial, na Praça XV.
Este é um cianótipo – cópia fotográfica em tons de azul, produzida a partir de uma emulsão de sais de ferro. Este processo é muito simples e barato e sua imagem tem boa permanência, tendo sido largamente utilizado pelos engenheiros da Light para produzir cópias a partir dos negativos fotográficos de vidro e também dos desenhos técnicos. A balaustrada que se vê foi trazida do jardim da praça Tiradentes por ocasião da reforma capitaneada pelo prefeito Pereira Passos na Glória, na primeira década do século XX. A rua da Glória é a continuação da rua da Lapa. Na parte baixa, corre em paralelo a avenida Augusto Severo, que vem desde o Passeio Público.
Na fotografia da rua Marechal Floriano, os pináculos estão presos à coluna central, que também sustentava os cabos que forneciam energia aos bondes elétricos. Estes percorriam a faixa central da via, enquanto os automóveis circulavam nas extremidades. À direita está o edifício sede da Light.
Uma fotografia da avenida Maracanã, no trecho onde cruza com a rua Uruguai, na Tijuca. A meninada posou compenetrada para o fotógrafo, que intencionava documentar o novo modelo de luminária instalado nas extremidades da ponte sobre o rio. Mas ao fundo, vê-se que ao longo da avenida persistia o modelo mais antigo. E na rua Uruguai o modelo utilizado era ainda outro, como se vê na extremidade esquerda, em região obscura da fotografia. Ao fundo, o maciço da Tijuca.
Se esta é a rua Souza Lima em Copacabana, conforme a identificação da fotografia nos arquivos da Light, ali à frente vemos a esquina com a avenida Nossa Senhora de Copacabana e ao fundo, o morro do Cantagalo. Em primeiro plano vemos um poste com luminária recém-instalado. Mas logo atrás, vê-se ainda preservado um modelo dos tempos da iluminação a gás.
Na reportagem intitulada “Aspectos noturnos do Rio”, publicada na Revista Light em 1929, exalta-se as belezas noturnas da cidade quando sua orla já estava bem iluminada. “É a Cidade-luz! A mais bela da América do Sul e que será a mais bela do mundo. Dá-lhe o sol um encanto sem igual. À noite, não é menos maravilhosa. É uma orgia de luz!” O texto segue descrevendo as belezas do colar de luz que se estendia desde o fim de Ipanema até a avenida Rio Branco, no centro da cidade, e termina com uma saudação ao inventor da lâmpada elétrica: “Glória a [Thomas] Edison que nos deu a beleza da luz!”