Cantada em verso e prosa por escritores, poetas e viajantes, a relação do Rio de Janeiro com a escrita literária é marcada pelos encontros em cafés, livrarias, saraus, academias, revistas, redações de jornais e outras formas de literatura feita por uma diversidade de autores de diferentes regiões do país. Esta galeria mergulhará no Rio de Janeiro como tema e espaço de escritas que envolvem a memória e a literatura da cidade inventada por seus cronistas e poetas.

Curadoria: Frederico Coelho

O processo histórico da literatura no Rio de Janeiro teve como contraponto a presença maciça da cidade em diversos escritos estrangeiros feitos durante o período colonial (até 1822). A cidade com sua baía, seus morros, rios e florestas, foi ponto de passagem obrigatório para viajantes europeus que foram deixando marcas no imaginário dos autores brasileiros. Foram as descrições de franceses, ingleses, alemães e portugueses que deram um perfil edênico e, ao mesmo tempo, caótico para a posteridade – natureza, exotismo e escravidão eram temas que muitos destacavam com suas visões cosmopolita e colonialista. Esse processo, que pode ser datado a partir do século XVI, foi se tornando cada vez mais forte, quando, ao longo do século XX, o imaginário mundial sobre a “cidade maravilhosa” passou a ocupar também os campos da música popular e do cinema.

A formação e consolidação do campo literário no Rio de Janeiro ocorreu a partir da relação íntima entre o jornalismo e a literatura. Durante o Império, todo debate político e nacional passava pela pena dos escritores, pela voz dos oradores cariocas, pela verve nacionalista romântica, pelas figuras públicas do poeta, pelo ativismo dos abolicionistas e pela circulação intensa dos folhetins. Junto a isso, lentamente, a cidade inventava um público leitor carioca, mesmo com uma população amplamente analfabeta e distante do código escrito.

Durante o período republicano, foram escritores e gêneros já maduros como o conto que deram feição a uma literatura de sabor genuinamente local. Isso fez com que o Rio e seus habitantes se tornassem personagens fundamentais de suas histórias. A presença crescente da literatura, desde o tom afrancesado de seus primeiros autores, passando pela crônica como gênero carioca por excelência até os textos que falam dos pontos de vista desfavorecidos e de futuros possíveis para a cidade, tornou-se inseparável da imaginação popular sobre a cidade.

Das gráficas como as de Paula Brito às livrarias e editoras que deram ao Rio de Janeiro um aspecto de cidade literária, a literatura carioca foi feita a partir de espaços fundamentais para sua circulação e consolidação. São instituições como a ABL, a Biblioteca Nacional e os cafés e saraus de ontem – grã-finos e feitos nos salões – e os de hoje – populares e feitos nas ruas.

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