Os trabalhadores estão sempre presentes nas fotografias do acervo da Light. A título de exemplo, vale mencionar que no início dos anos 1930, já no seu auge, a empresa contava com mais de 36.000 funcionários. Os serviços de assistência social se ampliavam. Ainda antes da ditadura do Estado Novo (1937-1945), quando o país passou por ampla reforma trabalhista, a Light já provia assistência médica e jurídica, pensão em caso de invalidez ou morte, patrocínio de eventos esportivos, entre outras medidas, visando o bem-estar dos trabalhadores. Outras fábricas e indústrias também ofereciam certo suporte, objetivando não apenas o bem-estar, mas também certo controle das camadas trabalhadoras (ver a galeria Rio operário). Uma busca nos jornais das primeiras décadas do século XX nos revela os momentos em que as tensões se elevaram por ali, na relação patrão x empregado. Mas através de negociações, os problemas iam sendo superados. Algumas das imagens a seguir, quase todas de autoria de Augusto Malta, evocam o trabalho de outros fotógrafos que naquela mesma época – o estadunidense Lewis Hine é um exemplo notável – estavam atentos à questão das condições de trabalho, aí incluídas as crianças e as mulheres. As primeiras décadas do século XX foram cruciais para o avanço nesse campo, em todo o mundo.
Esta fotografia é de autoria de Zenóbio Couto, que havia realizado o célebre registro da Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, em 1922. Ele foi contratado para documentar as visitas do presidente da República Washington Luís à subestação da Light, na rua Frei Caneca, e à fábrica de gás em São Cristóvão, em 1928. A documentação foi editada em um belo álbum. Vale observar as condições em que se encontra o operário à direita da fotografia; um homem negro, descalço, em contraste absoluto com os homens brancos que ocupavam posição de tomada de decisão na empresa.
Uma típica imagem dos anos 1950 que nos faz recordar o cinema e as séries de TV. Desde 1938, a The Rio de Janeiro Tramway, Light and Power Co. Ltd. já havia passado a se chamar Companhia Carris Luz e Força do Rio de Janeiro, como se lê na porta da camionete. A comunicação através de um rádio em viaturas móveis era novidade, iniciada nos Estados Unidos nos anos 1920, mas que só tomou corpo nos meados do século. Exatamente naquele ano de 1956, a Light havia implantado um serviço de radiocomunicação, a partir de uma estação localizada no morro do Corcovado. O objetivo era agilizar o atendimento aos clientes, graças à possibilidade de comunicação com a frota.
Embora esta fotografia de 1925 não traga maiores esclarecimentos em suas inscrições, é possível que se trate de uma garagem de bondes. Dois elementos trazidos à pose para o fotógrafo chamam a nossa atenção: o pneu e a roda em primeiro plano e, ao fundo, acima e à direita (vide detalhe), alguns que empunham seus martelos. Mas há diversos outros trabalhadores que exibem as suas ferramentas. E há mesmo alguma encenação. Impressiona a diversidade de trajes, chapéus, atitudes, olhares... quantas memórias carrega esta imagem, em que cada retratado tem algo a nos contar.
Ao longo do século XIX e no início do século XX, o trabalho infantil era comum por toda a Europa; nas Américas, não seria diferente, principalmente durante o período escravocrata, em que crianças negras começavam a trabalhar ainda na primeira infância. Crianças de famílias mais pobres desempenhavam tarefas diversas; muitas vezes extremamente insalubres. Hoje, a convenção da Organização Internacional do Trabalho fixa a idade mínima de 16 anos para o trabalho em geral – ou 14 anos, dependendo das condições econômicas do país. As fotografias que se seguem constituem um valioso testemunho da participação de cidadãos menores de idade no processo produtivo de então.
No Brasil, a primeira Constituição da República não fazia menção às relações de trabalho. Era comum a presença de crianças nas indústrias, onde iniciavam o seu aprendizado laboral. Um decreto de 1927 instituiu o Código de Menores, que proibia o trabalho aos menores de 12 anos. Em 1932, no governo de Getúlio Vargas, novo decreto elevou a idade mínima para 14 anos, nas indústrias. E a Constituição de 1934 foi a primeira a tratar dos direitos trabalhistas, inclusive quanto ao trabalho infantil. Hoje, a Constituição do Brasil (1988) admite o trabalhador de 14 anos, na condição de aprendiz.